Uma lista de líderes dos bloqueios ilegais das rodovias, levantada pela Polícia Rpdoviária Federal (PRF) em Santa Catarina e obtida com exclusividade pelo G1, aponta o empresário Emílio Dalçoquio como um dos articuladores do movimento que interditou estradas e provocou o caos em diversos estados no país após as eleições .

Continua depois da publicidade

Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp

Como a coluna adiantou no dia 1º de novembro, Dalçoquio, que foi investigado por locaute após a greve dos caminhoneiros de 2018, conversou reservadamente com o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 11 de outubro, quando o presidente esteve em Santa Catarina para um encontro com prefeitos em Balneário Camboriú.
Bolsonaro era aguardado no Aeroporto por uma série de lideranças bolsonaristas – inclusive o então candidato ao governo do Estado, Jorginho Mello (PL). Mas ele concentrou as atenções em Emílio Dalçoquio, com quem conversou demoradamente, cobrindo a boca com a mão.
As imagens da conversa foram mostradas ao vivo, em “lives” que cobriam a chegada de Bolsonaro a Santa Catarina para o compromisso de campanha.

A conversa reservada de Bolsonaro com investigado por locaute em SC antes das eleições

Um dos herdeiros de uma das mais tradicionais transportadoras de SC, Dalçoquio foi recebido por Bolsonaro mais de uma vez como presidente do Instituto Lux – uma ONG que ganhou fama após divulgar um vídeo em que um homem vestido de cavaleiro templário chamava para manifestações de apoio a Bolsonaro. O site tinha entre os colaboradores Wander Pugliesi, o professor de história do Vale do Itajaí que instalou uma suástica no fundo da piscina de casa. O instituto parece ter encerrado as atividades desde o ano passado.
Vídeo e saia-justa
Logo após o segundo turno, um vídeo de Dalçoquio incitando o fechamento das estradas passou a repercutir em grupos bolsonaristas de todo o país. As imagens foram gravadas em um bar na Praia Brava, em Itajaí.
“O que eu disse aqui tem que reverberar pelo país inteiro, como nós temos aqui 380 grupos, do Rio Grande do Norte, Belém a Uruguaiana” – disse o empresário.

Continua depois da publicidade

Organização criminosa com empresários financiou bloqueios ilegais em SC, diz investigação

A fala de Emílio colocou em uma saia-justa a transportadora Dalçoquio, que se apresessou em publicar uma nota informando não ter relação com o discurso do herdeiro:

“Frente ao momento em que o país atravessa, sobretudo as declarações dadas pelo Sr. Emílio Dalçoquio, veiculadas nas redes sociais, a empresa tem a obrigação de vir a público e esclarecer aos clientes, entidades públicas, bem como à sociedade em geral, de que, o que pensa ou não pensa o sr. Emílio Dalçoquio não retrata os pensamentos e interesses da administração da empresa, até porque, o sr. Emílio Dalçoquio não ocupa assento na administração da organização, razão pela qual suas declarações são de cunho único e exclusivamente pessoal, não podendo ser associadas a Transportes Dalçoquio nessas aventuras retóricas”, disse o comunicado.
Só Santa Catarina teve mais de 70 bloqueios simultâneos em rodovias federais nos dias que se seguiram à divulgação das imagens.
O empresário bolsonarista não respondeu ao G1SC – mas, em uma rede social, negou fazer parte dos atos. Disse apenas que se manifesta “como é garantido a todo cidadão”.
“Meu posicionamento político é conhecido e claramente definido e, assim, dentro da estrita legalidade, sempre me expressarei para apoiar e defender a democracia, o estado democrático de direito e as liberdades individuais e coletivas previstas na Constituição do Brasil”.
A lista a que o G1 teve acesso é assinada pelo superintendente André Saul e tem 22 lideranças identificadas pela PRF em Santa Catarina. Nesta semana, o Procurador Geral de Justiça, Fernando Comin, entregou ao ministro Alexandre de Moraes todas as informações coletadas pelas investigações do Gaeco e das polícias em SC.