Em um longo pronunciamento em que quebrou o silêncio sobre as acusações feitas a ele pelo Ministério Público Federal (MPF), o presidente da Alesc, deputado Julio Garcia (PSD), mostrou o quanto vale um bom capital político – exatamente o que falta ao governador Carlos Moisés (PSL) em sua cruzada contra os processos de impeachment.

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Julio Garcia foi incisivo em defender-se e não economizou palavras para se dizer injustiçado. Afirmou ser vítima de “exposição vexatória e gratuita”, falou em “espetáculo”, em “acusação indevida e inconsequente”, e em “chicana processual. Disse que as acusações do MPF são “ilações” sem provas.

Mas foram os comentários que sucederam o discurso, nas falas de 14 deputados, que deixaram clara a influência e a solidez das relações políticas de Julio Garcia. Foram eloquentes elogios à trajetória do presidente da Alesc e contundentes declarações de apoio. Até mesmo a líder do governo, deputada Paulinha (PDT), apressou-se em declarar confiança em Julio Garcia. 

O assunto, que parecia ter sido evitado na Alesc ao longo das últimas semanas, ganhou novo tom com as manifestações dos parlamentes. Maurício Eskudlark (PL) chegou a justificar o silêncio dos deputados, dizendo que era uma reação à “perplexidade” com o que considera serem investidas injustas contra o presidente do Legislativo.

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A demonstração de forças vista nesta terça-feira na Assembleia Legislativa é prova do sólido capital político de Julio Garcia – algo que não se constrói do dia para a noite. Em última medida, sela a figura do presidente da Alesc como a antítese do governo, isolado por apostar na antipolítica.

Tecnicamente, no entanto, o movimento dos deputados não interfere na situação de Julio Garcia. Diferente do processo de impeachment, em que o patrimônio político e o lastro eleitoral são pontos centrais de defesa, o caso do presidente da Alesc depende agora, unicamente, do que decidirá a Justiça.