O jornal britânico The Times publicou nesta semana uma reportagem sobre a preocupação no Brasil com o crescimento de células neonazistas. O texto, do repórter Stephen Gibbs, cita a operação policial em novembro do ano passado, em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, quando foram presos integrantes de um grupo de supremacistas brancos chamado Hammerskin, que nasceu nos EUA e tem ramificações em outros países.
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A reportagem traz outras referências a SC. É ilustrada por imagens como a da piscina “decorada” com uma suástica, em Pomerode, que voltou ao centro de discussões depois que o dono, ao ser intimado a retirar o símbolo nazista, adaptou o desenho para “88”, simbologia ligada ao neonazismo.
Entre os entrevistados pelo The Times está o vereador de Florianópolis Leonel Camasão (PSOL), que diz haver uma condescendência em Santa Catarina em relação ao nazismo – “É cultural no Estado que ninguém realmente considere o nazismo perigoso. As pessoas até dizem, ora, meu avô era nazista”.
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A divulgação internacional da problemática ligada ao neonazismo no Sul do país, especialmente em Santa Catarina, aponta para o nível de preocupação mundial com o crescimento do pensamento extremista. Não se trata apenas da região Sul: em números absolutos, o maior número de células neonazistas está em São Paulo.
SC tem feito um esforço, ainda que tardio, para penalizar a apologia ao nazismo. Um exemplo é a criação de uma promotoria exclusiva para crimes de ódio, que tem se debruçado sobre os casos que envolvem denúncias de neonazismo. O caso que abre a reportagem também foi resultado de uma investigação local da Polícia Civil de SC, por meio da Deic, para desarticular e prender supremacistas.
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O que ainda falta ao país é uma legislação mais eficiente para penalizar quem faz apologia ao nazismo ou integra grupos supremacistas.
Atualmente, a apologia ao nazismo está na Lei de Crimes Raciais. Mas o texto é limitado a penalizar pessoas que divulguem a suástica, o que dificulta a punição dos grupos neonazistas, que utilizam outra simbologia. Um projeto de lei do deputado federal Rubens Otoni prevê a alteração do texto para ampliar a legislação e “tornar crime o uso de quaisquer símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que se destinam à propagação do nazismo”. A proposta está em tramitação nas comissões.
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