O empate técnico entre Jorginho Mello (PL) e Esperidião Amin (PP) no segundo lugar da pesquisa Ipec contratada pela NSC mostra que, com o governador Carlos Moisés (Republicanos) à frente – ainda que tenha uma vantagem discreta – a principal disputa destas eleições se dará pela segunda vaga no segundo turno. E, no cenário atual, essa “briga” será na raia bolsonarista.

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A constatação tende a mexer com a maneira como Amin e Jorginho constroem a campanha. Até agora, o adversário preferencial é Moisés. Mas, com os dois senadores tão próximos e disputando a mesma fatia eleitorado – o eleitor de Bolsonaro – a tendência é que mirem primeiro em Gean Loureiro (União Brasil), que vem tentando “beliscar” uma fatia do bolsonarismo e aparece com 8%. E, em última medida, terão que apontar a munição – com perdão ao trocadilho – um para o outro .

O perfil dos dois é completamente diferente, e as armas também. Jorginho aposta num bolsonarismo mais ostensivo, na garupa de Bolsonaro. Amin é mais discreto, mas é hábil para conseguir fotos descontraídas ao lado do presidente. A ampla votação de Bolsonaro em SC, de 50% segundo o Ipec, é um ativo necessário para qualquer um dos dois. Mas nenhum deles terá Bolsonaro pedindo votos na propaganda eleitoral no primeiro turno – a não ser que o presidente mude de ideia.

O cenário é curioso porque, dias antes das convenções, Amin e Jorginho ainda ensaiavam disputar juntos a eleição, trazendo para SC a parceria que PL e PP firmaram nacionalmente em torno de Bolsonaro.

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Num dos episódios que marcaram as últimas conversas de aproximação, os dois senadores se encontraram na casa dos Amin, em Florianópolis, e posaram para fotos ao lado de uma figueira imensa e centenária no quintal. A árvore tem vários troncos auxiliares, que sustentam seu peso. Era a deixa de Amin para convencer Jorginho de que “juntos era mais viável”. Não adiantou.

A conversa minguou, cada um seguiu o seu caminho e, na fotografia do momento, os dois têm praticamente a mesma chance de chegar ao segundo turno. Se a tendência não mudar, levará o bolsonarismo, fatalmente, à autofagia.