Janja nunca escondeu que a incomoda o título de primeira-dama e que não aceitaria um papel secundário ao lado do marido após a eleição de Lula. Tem uma personalidade expansiva, pouco dada à discrição. Dito isto, é inconcebível que a mulher do presidente da República use um espaço institucional, em um encontro global, para atingir quem quer que seja.
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O fato de ter sido uma militante política por décadas não dá a Janja o direito de discursar como tal em um encontro paralelo ao G20. Janja, “CPF”, pode dizer o que quiser. Janja, a mulher com quem o presidente divide a vida – e muitas decisões do governo – não.
A fala da primeira-dama coloca o governo Lula (PT) em uma saia-justa diplomática em um momento sensível: o próprio Lula escorregou na institucionalidade ao “colocar o dedo” na eleoção alheia, dizendo que preferia a vitória de Kamala Harris antes dos norte-americanos irem às urnas.
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Com Donald Trump eleito, o presidente brasileiro deu um passo atrás e falou em relações pragmáticas com o futuro presidente. Além da influência global, os Estados Unidos são um parceiro comercial estratégico e importante para Brasil. A diplomacia brasileira vinha tentando contornar o impasse. Agora, tem mais um escorregão para lidar.
Janja pode rejeitar o título de primeira-dama. Mas isso não a isenta de atentar à liturgia e à institucionalidade do cargo. Uma fala sua respinga no governo e no Brasil – especialmente quando se refere ao poderoso bilionário que ocupará cargo ao lado de Trump na Casa Branca.
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