Em meio às denúncias de que a fiscalização sobre as festas irregulares é insuficiente no Estado, a Guarda Municipal de Itajaí informou que ter fechado, no último fim de semana, duas baladas na Praia Brava por “intensa movimentação de pessoas e descumprimento ao decreto” que estabelece as regras durante a pandemia em SC. Ocorre que um dos bares segue fechado desde março, quando começaram as medidas de contenção ao coronavírus – e nunca reabriu.

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O estabelecimento citado é o Zicatela, um dos mais antigos e tradicionais da Praia Brava. A informação da Guarda Municipal, divulgada no canal de comunicação da prefeitura de Itajaí, foi contestada pelo empresário Cleudio John Vieira, dono do bar. A assessoria da GM disse que a informação havia sido repassada pela Polícia Militar, que teria comandado a operação. A PM, no entanto, negou ter fiscalizado o estabelecimento.

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Para além do empurra-empurra, o equívoco chama atenção porque a Praia Brava está entre os locais que mais concentram festas irregulares no Estado, e não faltam lugares para serem visitados pela fiscalização. Diversas baladas reabriram com alvarás de restaurante, e a prefeitura tem falhado em identificar e punir a ilegalidade. O resultado é que o bairro aparece entre os campeões de denúncias no perfil que expôs, desde a virada de ano, o desrespeito às regras nas redes sociais.

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A exposição gratuita e indevida incomodou o dono do Zicatela, especialmente porque Cleudio Jhon perdeu em dezembro o pai, vítima da Covid-19. O cantor Armandinho foi um dos que se manifestaram em apoio ao estabelecimento.

– Vão dizer que meu pai morreu porque eu estava com o bar aberto, e não é verdade – disse o empresário.

Armandinho se manifestou sobre a divulgação do 'fechamento'
Armandinho se manifestou sobre a divulgação do ‘fechamento’ (Foto: Reprodução)

O Zicatela é um surf bar, e funciona há 11 anos. A casa chegou a anunciar que retomaria as atividades em outubro, conforme ocorreram as flexibilizações em Santa Catarina. Mas o dono acabou voltando atrás porque não se sentiu seguro.

– Senti na pele que não vale a pena. Talvez, se abrir, eu indiretamente mate uma pessoa e me sinta culpado. Eu vi que não tem dinheiro que vá pagar pela vida de alguém. Mesmo que eu ganhe R$ 1 milhão por dia, não vou trazer meu pai e volta – disse o empresário.

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Cleudio Jhon, que também é dono de um restaurante, disse que no início manteve o contrato da equipe da casa noturna, porque pensava que a pandemia seria breve. Mas, com o tempo, precisou demitir os 12 funcionários que trabalhavam no bar, em regime intermitente. Ao longo dos últimos meses, a única atividade foram lives transmitidas pelas redes sociais.

O empresário se diz impressionado com quem insiste em promover festas diante do agravamento da pandemia.

– Estão abrindo cada vez mais em cima de uma pandemia e as pessoas não têm noção, brincam, são gananciosas, parece que o mundo vai acabar. Eu só queria saber por que a fiscalização não vê o que está acontecendo na Praia Brava.

A prefeitura de Itajaí não divulgou novas interdições de estabelecimentos na Praia Brava. A Guarda Municipal não se manifesta sobre o erro.

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