Kamala Harris conseguiu desestabilizar Donald Trump no primeiro, e possivelmente único debate entre a democrata e o republicano antes das eleições norte-americanas. Usou a experiência retórica como promotora para encurralar Trump, debochou do adversário e, sem acesso ao microfone enquanto o oponente se manifestava, apelou para caras e bocas.

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O resultado foi Trump visivelmente irritado. A estratégia de Kamala, que se preparava há dias para o debate, funcionou para mostrar desequilíbrio do adversário. Algo que ela fez melhor do que Hilary Clinton e Joe Biden em seus embates com o bilionário ex-presidente.

O republicano, por sua vez, errou em insistir na mesma estratégia do debate de junho, quando focou em se mostrar mais viril e energético diante de um Joe Biden enfraquecido. Só que agora ele tem à frente uma mulher quase 20 anos mais nova, o que torna a narrativa quase infantil.

Trump também foi prejudicado pela rapidez de checagem da ABC, que expôs alguns de seus truques e confrontou dados equivocados – como a teoria da conspiração que diz que imigrantes estão se alimentando de pets. Pois é.

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Como debate entre Kamala e Trump se tornou decisivo para eleição apertada nos EUA

Dois assuntos, em especial, renderam embates mais calorosos. Um deles foi o direito ao aborto. Outro, a economia. Foi o ponto alto de Trump, ao questionar por que os democratas mantiveram sua política de impostos em relação à China.

O balanço da noite foi um respiro para a campanha democrata após o desastre do debate de junho, que culminou com a desistência de Biden de disputar a eleição. Mas não significa que Kamala tenha vencido o embate – ou que será suficiente para virar o jogo, que está tecnicamente empatado, com ligeira vantagem para o republicano.

As pesquisas indicam que Trump tem um voto mais consolidado que o da democrata. Trocando em miúdos, para o eleitor trumpista importa menos o desempenho no debate. Era Kamala quem precisava se apresentar e mostrar a que veio. Mais do que isso, ela precisa engajar o eleitor, que não é obrigado a votar, a sair de casa para ir às urnas – por isso a necessidade de expor Trump. Ainda não está claro se ela conseguiu esse turning point.

Animada com o resultado, a campanha democrata sugeriu um novo debate antes das eleições. Trump disse, de antemão, que não pretende aceitar.

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