O projeto bilionário que vai reativar a indústria de construção naval em Santa Catarina deu o primeiro passo na última quinta-feira (5), com a assinatura de contrato entre a Marinha do Brasil e o consórcio Águas Azuis, que construirá em Itajaí quatro navios militares. Nos próximos meses, o projeto executivo será definido, e os últimos detalhes ajustados para a fase mais esperada: a das contratações.
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Serão gerados, diretamente, até dois mil postos de trabalho no auge da produção. E outros 8 mil empregos indiretos – o contrato vai até 2028. Um número expressivo para um setor que cresceu no embalo do boom econômico do país, com as encomendas do setor de petróleo e gás, e viu a atividade naufragar num ritmo ainda mais acelerado do que a crise.

Cenário nacional
O estaleiro Oceana, onde as fragatas da Marinha serão construídas, chegou a ter 1,8 mil empregados. Hoje os funcionários podem ser contados nos dedos das mãos. Itajaí e Navegantes, que concentram o polo da indústria de construção naval em Santa Catarina, já tiveram 10 mil pessoas empregadas no setor. Hoje, não passam de 1,5 mil.
O cenário da indústria é nacional. Não por acaso, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco questionou o resultado da licitação que escolheu o consórcio Águas Azuis ao Tribunal de Contas da União (TCU), numa tentativa de impedir a assinatura de contrato. A representação foi arquivada.
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Embora as dimensões das fragatas sejam similares às dos rebocadores, que eram construídos pelo Oceana, o estaleiro passará por algumas adaptações pontuais para receber os novos projetos. A expectativa é que a linha de produção esteja ativa em 2021.
Os currículos, no entanto, já chegam há meses ao estaleiro. E vêm de todo o país. Quando desmobilizou os postos de trabalho, com o fim das encomendas do setor de petróleo, a Oceana comunicou aos empregados que eles teriam preferência quando houvesse reativação. Paul Kempers, diretor executivo da empresa, diz que o estaleiro pretende cumprir a promessa.
O consórcio Águas Azuis é capitaneado pela alemã Thyssenkrupp Marine System e pelas brasileiras Embraer e Atech. A opção pelo estaleiro Oceana e entregou ao Estado uma oportunidade única de reacender os negócios no setor naval.
Cadeia de suprimentos
Há dois pontos importantes na retomada da indústria naval pelo setor da defesa, em SC. Um deles é transferência de tecnologia. As fragatas seguirão o modelo alemão Mekko 100, adaptado às necessidades da Marinha.
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Nestes primeiros meses, o projeto se dividirá entre equipes no Brasil e na Alemanha. É uma experiência importante para credenciar o Estado para outros projetos. Outro ponto é a cadeia de suprimentos. Cada navio terá, pelo menos, 32% de fornecedores nacionais.
O contrato prevê que o percentual aumente conforme o andamento do projeto.
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