Uma pequena bandeira com as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBT+, virou o pivô de uma polêmica com pitadas de preconceito e intolerância, que envolve as aulas remotas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Uma universitária do curso de Psicologia usou as redes sociais para reclamar da bandeira, que podia ser vista nas aulas online de um professor. O detalhe é que a bandeira estava na sala da casa dele, em ambiente privado.
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Devido à pandemia, as aulas são transmitidas online, e o professor leciona em home office. Diante da repercussão do caso, ele não quis falar sobre o ocorrido. O fato é que, depois da reclamação feita pela aluna, a bandeira foi retirada da parede da sala da casa.
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No Instagram, a garota, que se disse cristã, comparou o símbolo universal do orgulho LGBT com “crucifixos e sinais de fé” e chamou a bandeira, equivocadamente, de “ideologia”. A comparação chama atenção, já que o caso em questão não trata de ambiente acadêmico. “Crucifixos e sinais de fé não podem, e ok por isso, pois não fazem parte do contexto educacional. Mas símbolos e ideologias fora do mesmo contexto, que eles mesmo tanto reclamam, podem ser utilizadas. Afinal, a ideologia e doutrinação estão sempre presentes”, escreveu.
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Diante da repercussão, a universitária voltou à rede social para dizer que não pediu que o professor retirasse a bandeira de casa, mas que “sala de aula é um lugar para todos e o professor, como formador de opinião, tem que ter cuidado com o que ele coloca e expõe”. Em uma nota pública, nesta quarta-feira (18), ela repetiu que “a sala de aula não é o lugar que julgo adequado para a manifestação/exposição de ideologias ou símbolos, sejam eles de cunho religioso ou social”. Disse ainda que não tinha a intenção de prejudicar o professor.
Código de Ética
A polêmica em torno da publicação envolveu não apenas o tom preconceituoso, mas também o fato da jovem ser estudante de Psicologia, perto de se formar. O Colegiado do Curso de Psicologia da Univali e o Núcleo Docente emitiram uma nota de repúdio em que citam o papel do psicólogo e o Código de Ética Profissional. O documento, que norteia os princípios da profissão, diz que a atuação do psicólogo deve envolver “reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações”, e prevê que os profissionais não se pronunciem de forma a reforçar preconceitos.
A nota diz que o Colegiado e o Núcleo repudiam “qualquer ato discriminatório e preconceituoso que viole os Direitos Humanos, a pluralidade de ideias, a livre expressão do indivíduo, a liberdade de manifestação de pensamento e as garantias individuais, especificamente, nesse caso, envolvendo a comunidade LGBTQIA+”.
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O Centro Acadêmico do curso também se manifestou, dizendo esperar que o professor “possa se expressar sem censura por parte da Univali e de qualquer outra pessoa daqui para frente”, e que a universidade “tome medidas de combate à discriminação, e que este tipo de violência, que afeta não só professores, mas também acadêmicos da Univali seja combatida”.
Em nota, a Univali afirma que “não compactua com declarações, atos, condutas ou manifestações que incitem discursos discriminatórios, autoritários ou preconceituosos. Ao contrário, a Instituição zela incondicionalmente pelo respeito à pluralidade de ideias, à livre expressão dos indivíduos, bem como à liberdade de manifestação do pensamento e do respeito às garantias individuais, sempre atuando de forma ética no relacionamento e na formação de profissionais de vanguarda”.
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