São alarmantes as revelações trazidas pelas quase 900 páginas do inquérito da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe cívico-militar. As provas apresentadas pela PF – resultado de uma longa apuração – são bastante contundentes, e mostram que o Brasil olhou para o abismo em dezembro de 2022.

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O conjunto da obra aponta, segundo a PF, para uma articulação de longo prazo pra desacreditar o sistema eleitoral em uma espécie de “vacina” contra uma eventual derrota nas urnas. São momentos reveladores, como o registro do pedido de Bolsonaro para adiar a divulgação do relatório sobre a confiabilidade da urna eletrônica porque nada de errado havia sido encontrado.

Em outro trecho do relatório, está exposta a produção desinformação – e, ainda a sugestão de militares para jogar fake news “no grupo dos malucos”, referindo-se a apoiadores. O roteiro incluiu até a produção, dentro do Palácio do Planalto, das frases de efeito que estampariam as faixas dos manifestantes acampados em frente aos quartéis.

Para onde vai o bolsonarismo com o indiciamento de Bolsonaro

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Toda a trama tem a digital do ex-presidente da República, de acordo com o relatório da Polícia Federal. Bolsonaro teria participado da elaboração e da execução de uma tentativa de ruptura que o colocaria de volta no poder, junto com militares golpistas.

O inquérito diz que o plano só não foi adiante porque houve discordância por parte de militares legalistas, que eram maioria no alto comando. Houvesse adesão da cúpula, o Brasil estaria de volta aos períodos sombrios da ditadura, com a democracia rompida.

As conclusões da PF apontam que uma máquina de manipulação e desinformação ferveu o caldo para preparar o ambiente golpista. Usou um genuíno sentimento de decepção com a política, de uma parte da população brasileira, para viabilizar um projeto de poder.

Com Bolsonaro na mira, cerco sobre golpistas se fecha e a democracia resiste

Momentos como esse, na história, servem para separar o joio do trigo. Nas Forças Armadas, a maioria seguiu a fidelidade à Constituição. O mesmo ocorreu com as instituições, que garantiram os pesos e contrapesos da democracia, mesmo sob ataque. É chegada a hora disso ocorrer também no ambiente político.

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Há valores que são maiores do que ideologia ou escolha político-partidária. Não há espaço, numa democracia, para quem endossa uma tentativa de golpe.