Uma publicação crítica às casas noturnas de Balneário Camboriú nas redes sociais, por falta de representatividade, colocou Edvaldo Rocha Junior, o Ed Jr, na mira de mensagens de ódio. Ele recebeu xingamentos racistas, ameaças, e descobriu que havia sido envolvido em publicações carregadas de preconceito em um grupo fechado.

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O caso é investigado pela Polícia Civil, que instaurou inquérito. Segundo o delegado regional, Fábio Moreira Osório, os agressores poderão responder por injúria racial. Pelo menos um deles foi identificado.

Ed é coordenador na Fundação Cultural de Balneário Camboriú e influenciador digital. Na postagem que gerou os ataques, ele comentou que era o único negro em uma festa com centenas de pessoas na cidade. Chamou atenção para o fato, e estendeu o assunto para as casas noturnas da cidade – disse que não trazem negros ou gordos em suas publicações.

Ele está assustado com o teor das mensagens e das ameaças que tem recebido – algumas delas, com referência ao local onde mora. A assistente que trabalha com ele, e também é negra, foi igualmente vítima de ameaças nas redes sociais.

– Estou recebendo ameaças de morte, com o endereço da minha casa. Trabalho com o receptivo de cruzeiros, e estou com receio de andar na rua – diz Ed.

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Uma das primeiras mensagens veio de uma mulher, no último sábado, por meio do Instagram: "Cara, você é preto e pobre. Mora em Balneário Camboriú. Você acha que é fácil a gente ver pessoas como vocês na rua andando e respirando o mesmo ar que respiro?".

Mensagem recebida por Ed no Instagram
Mensagem recebida por Ed no Instagram (Foto: Reprodução)

Mais tarde, Ed recebeu contato de uma pessoa que não quis se identificar, e enviou a ele prints – cópias – de mensagens trocadas em um grupo de mensagens. Em uma delas, é chamado de “macaco” por um usuário da rede social que afirma sentir “nojo” dele. O perfil é de um estudante universitário da região. Outros membros do grupo também se manifestaram.

Grupo de mensagens
Grupo de mensagens (Foto: Reprodução)

Nascido em São Paulo, mas morador de SC há mais de 20 anos, Ed diz que não é a primeira vez que se sente vítima de preconceito.

— Eu morava na Avenida Atlântica e pediam para eu usar o elevador de serviço. No trabalho, acham que sou o estagiário, não o coordenador — conta.

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Ele afirma, no entanto, que é a primeira vez que recebe ataques tão pesados, e ameaças:

— Penso que é resultado dessa polarização política, as pessoas estão mais à vontade para expor o que elas sentem.

O delegado Gustavo Reis, responsável pelo caso, disse que as imagens das mensagens são provas válidas e serão usadas nas investigações. O crime de injúria racial prevê pena de até três anos de prisão.

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