Revelada pelo colega Anderson Silva, a saída de uma das principais referências no enfrentamento à Covid-19 no Estado, a superintendente de Vigilância em Saúde, Raquel Bittencourt, tem como pano de fundo o descontentamento de uma parte da cúpula da Secretaria de Estado da Saúde com a guinada que o governo deu na gestão da pandemia. Um desconforto que deve gerar mais baixas nos próximos dias.
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Foi Raquel quem pediu exoneração ao secretário André Motta Ribeiro, ainda em dezembro. Oficialmente, teria alegado motivos pessoais e foi convencida a permanecer um pouco mais à frente da superintendência – mas, na semana passada, o secretário requisitou o cargo. A superintendente estaria incomodada com a forma como o governo mudou a políticas de enfrentamento ao longo dos últimos meses. E não é a única.
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Dois outros postos de chefia ainda devem sem substituídos. Na Diretoria Estadual de Vigilância Epidemiológica (Dive), Maria da Graça Chraim dos Anjos já foi comunicada que não é mais gestora. Na Diretoria de Vigilância Sanitária, Lucélia Ribas Kryckyi fica apenas até o fim do mês.
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A saída de gestores que ocupam postos chave apontam para um racha na Secretaria de Estado de Saúde, onde o clima não é bom há meses. Internamente, a expectativa era de que o retorno do governador Carlos Moisés (PSL) ao cargo, após o arquivamento do primeiro processo de impeachment, colocaria água na fervura e resgataria um modelo de atuação na pandemia embasado nas recomendações dos técnicos da saúde. Não foi o que aconteceu.
O retorno de Moisés escancarou a política de ‘liberou-geral’ iniciada por Daniela Reinehr. E isso incomodou uma parte dos especialistas.
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Os problemas internos ficaram evidentes no depoimento dado por servidores da Saúde ao Ministério Público, no âmbito da ação que pede o restabelecimento dos decretos mais restritivos em relação aos eventos e à hotelaria. Chamados a se manifestarem, membros do Conselho de Operações de Emergência em Saúde (Coes) disseram que não tinham sido ouvidos pelo governo em relação às novas flexibilizações, e que a recomendação do corpo técnico era para que SC reduzisse a circulação de pessoas, com o objetivo de frear as contaminações.
As mudanças na Saúde ocorrem em momento delicado, quando Santa Catarina segue com um alto número de casos ativos e de óbitos, e se prepara para dar início à vacinação. A dispensa de gestores indica que o caminho adotado pelo governo, de apostar na liberação de atividades, ainda que na contramão de boa parte do país, é uma escolha sem volta. O governador Carlos Moisés (PSL) disse, ao retornar ao cargo, que era hora de quebrar os retrovisores. Fica cada vez mais claro que isso servia também para a gestão da pandemia.
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