O Governo do Estado teria utilizado 28 vezes o avião Arcanjo-06 para transporte do governador Carlos Moisés (Republicanos) e outras autoridades desde agosto de 2021, de acordo com o registro das diárias que foram pagas aos pilotos. A aeronave do Corpo de Bombeiros Militar foi alugada pela Secretaria de Estado da Saúde para prestar, prioritariamente, serviços aeromédicos. O contrato é de R$ 7,2 milhões.
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O relatório de viagens dos últimos oito meses foi obtido pelo deputado Bruno Souza (Novo), que acusa o governo de desvio de finalidade no uso do avião. Os dados são do Sistema de Gestão de Processos Eletrônicos (SGP-e), e foram confirmados pela coluna com apoio do jornalista Leonardo Thomé, da NSC TV.
Durante o período, o Arcanjo-06 foi requisitado pela Casa Civil, pela Casa Militar e pela Secretaria de Administração Prisional. Há registro de viagens para Brasília, Curitiba e São Paulo. E outras dentro do Estado, para Chapecó, Jaguaruna, Videira e Joinville.
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Duas viagens chamam atenção pelo destino: Bonito, cidade turística no Mato Grosso do Sul. Não há informações sobre agendas oficiais de autoridades no local, mas o Arcanjo-06 pousou no município nos dias 20 e 25 de janeiro. O relatório indica que os voos foram solicitados pela Casa Civil, mas não aponta quem estava a bordo da aeronave.
Nesta quinta à noite, o deputado Bruno Souza publicou nas redes sociais uma postagem do Instagram do governador que mostrava imagens dele em férias com a família, em um local de mergulho. A publicação é do dia 17 de fevereiro, e foi apagada.
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A coluna questionou, durante a tarde, se o governo se manifestaria sobre as 28 requisições da aeronave. Também perguntou quem, além de Moisés, utilizou o avião, e qual o motivo das duas viagens da aeronave a Bonito. Em nota, o governo respondeu que não há irregularidade nas viagens.
“O uso da estrutura colocada à disposição do chefe do executivo está amparado em lei e não há qualquer irregularidade nem tampouco ilegalidade Apesar da tentativa de uso político com o objetivo de desgastar o governo e o governador, já foi esclarecido que o contrato de uso compartilhado das aeronaves do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) prevê que, quando disponíveis, podem transportar autoridades, mediante demanda da Casa Militar ou da Casa Civil”, afirma o governo.
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O contrato de aluguel do Arcanjo-06 informa que a aeronave é dedicada a “serviços de busca, resgate, salvamento, transporte de órgãos vitais, ações de Defesa Civil e apoio a órgãos públicos e transporte de dignitários – o que inclui o governador. No entanto, a justificativa do Termo de Referência que embasou a contratação fala no transporte de autoridades especificamente para ações de Defesa Civil. “Transporte de dignitários e de transporte de tropas especializadas são necessárias em situações de catástrofe e calamidades que envolvem o Estado de Santa Catarina, periodicamente”, informa o documento.
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Em nota emitida na quarta-feira (16), o governador Carlos Moisés admitiu que usa a aeronave dos Bombeiros para deslocamentos – mas ressaltou que isso ocorre em períodos de ociosidade do avião.
“Na impossibilidade de usar voo de carreira para atender aos compromissos, tenho, sim, me deslocado pelo estado e eventualmente fora dele com uma dessas aeronaves, mas jamais em prejuízo à saúde”, afirmou.
Em 2019, o Governo do Estado vendeu um jato Cessna ao governo do Mato Grosso, por R$ 3,6 milhões. Na época, a informação divulgada foi que, por economia, o governador passaria a viajar em voos comerciais.
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