Com menos de uma semana de gestão, o governo interino de Daniela Reinehr (sem partido) já tem uma marca para chamar de sua. Nunca, na história recente de Santa Catarina, um governador recuou tanto em tão poucos dias de comando.
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Foram recuos extraoficiais, nas redes sociais. Mas é preciso lembrar que elas são o novo palco do debate público, especialmente para a ‘nova política’ que Daniela encarna no governo de Santa Catarina. E, ainda que não estabeleçam mudanças efetivamente, indicam a direção de novos ventos nas políticas públicas. Que não parecem ser brandos.
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Duas afirmações foram excluídas das redes sociais pessoais da governadora. A primeira, em relação ao uso obrigatório de máscaras. A segunda, como relatou o colega Anderson Silva, em repúdio ao ataque sofrido pela equipe da NSC TV na Praia do Campeche, em Florianópolis, na segunda-feira (2).
Não estivéssemos em franco declínio civilizatório no Brasil, tais publicações não seriam sequer polêmicas. Em tempos normais, qualquer governante que se preze repetiria as afirmações de Daniela Reinehr. Mas, para a turma barulhenta das redes sociais, a mínima demonstração de bom senso é imperdoável. Indício de “traição”, como fizeram questão de provocar a governadora alguns usuários do Twitter.
A gangorra de afirmações é uma característica marcante do bolsonarismo. O presidente Jair Bolsonaro usa o recuo como ninguém: joga a ideia no ar, avalia a repercussão, e depois volta atrás. Fala, depois desmente. É uma tática que também serve como cortina de fumaça, direcionando o debate público para um lado ou para o outro.
Daniela se espelha no presidente, mas a motivação de seus recuos, pelo menos por enquanto, parece ser outra. Catapultada ao cargo por um movimento do deputado Sargento Lima (PSL), que ‘roeu a corda’ do acordão do Legislativo, Daniela está insegura sobre o que fala e faz. Por outro lado, mostra que é direcionada pela torcida barulhenta das redes sociais, com alto ranço ideológico.
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Não importam os motivos, o resultado do disse-não-disse será sempre a instabilidade política e o descrédito de um governante cuja palavra não pode ser levada a sério. Daniela precisa assumir a autoridade que o cargo lhe impõe e escolher governar para todos os catarinenses, e não apenas para a torcida barulhenta. Caso contrário, terá um governo tão breve quanto um tuíte.
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