A decisão do presidente Jair Bolsonaro de não participar da Conferência Mundial do Clima, a COP-26, aumenta a responsabilidade dos governadores brasileiros que viajam para Glasgow, na Escócia – são 10 governadores na comitiva, incluindo Carlos Moisés. Ainda que não tenham espaço na agenda dos líderes globais nem poder para firmar compromissos em nome do Brasil, os governadores tentarão “limpar a imagem” do Brasil.

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O grupo é eclético, vai da direita à esquerda (veja a lista abaixo) e não se posiciona frontalmente contra o governo Bolsonaro. Mas a ideia é apresentar a interlocutores uma agenda verde e propositiva, que recoloque o Brasil em seu lugar perdido de protagonismo nas discussões ambientais. A desconfiança atualmente é grande, o país chega à COP-26 com dificuldades de convencer sobre o esforço para reduzir o desmatamento e com um índice de emissão de carbono inverso à média mundial: de acordo com o Observatório do Clima, as emissões aumentaram 9,5% no Brasil nos últimos três anos, enquanto reduziram 7% no mundo.

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O governo brasileiro está representado na Escócia, participa das discussões e tem o próprio estande na Conferência, onde pretende desacreditar os dados de órgãos oficiais e institutos de pesquisas que apontam para o retrocesso ambiental. Num esforço por boas notícias, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apresentou na largada, nesta segunda-feira, uma meta mais audaciosa de redução de emissões de efeito estufa, subindo de 43% para 50% de neutralidade até 2030.

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Mas será necessário mais do que discurso se o Brasil quiser evitar o isolamento e embargos econômicos, uma vez que perdeu tempo com negacionismo climático enquanto a agenda global tomava outro rumo. É nesse vácuo que o grupo de governadores pretende agir.

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Agenda paralela

A comitiva dos governadores terá uma programação paralela, dissociada do governo federal. O grupo, que integra o Consórcio Brasil Verde, do qual fazem parte 22 estados, deverá propor zerar o desmatamento– o que exigirá um esforço de investimento em tecnologia, controle e fiscalização local que hoje é deficiente – e acelerar a transição energética para matrizes renováveis. 

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Esse é um ponto especialmente delicado para Santa Catarina, que tem geração energética a carvão, considerada altamente poluente, como matriz econômica no Sul. O Governo do Estado pretende propor na Escócia um modelo de transição que não prejudique a geração de empregos – mas o tom das discussões preliminares leva a crer que o caso será um desafio para Moisés, que não tem por hábito entrar em bolas divididas. 

Os estados participam como espectadores das discussões, mas já se sabe de antemão que há uma forte tendência por acordos de aceleração das mudanças de matriz energética. O carvão foi inclusive citado pelo anfitrião da COP-26, o ministro britânico Boris Johnson, em seu discurso de abertura da Conferência nesta segunda-feira (1º).

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Compromissos

Por enquanto, o governador Carlos Moisés ainda não informou sobre nenhum compromisso específico de Santa Catarina para redução na emissão de gás carbônico, ou investimento em políticas públicas menos poluentes para serem debatidos ou apresentados pelo Estado na COP26.

Moisés viaja no próximo sábado (6), e ficará fora do governo até 11 de novembro. Como a vice-governadora Daniela Reinehr também estará em viagem, quem assume o Governo do Estado é o presidente da Alesc, deputado Mauro de Nadal (MDB). 

Quem integra a comitiva de governadores

Carlos Moisés (sem partido), Santa Catarina

Camilo Santana (PT), Ceará

Eduardo Leite (PSDB), Rio Grande do Sul

Helder Barbalho (MDB), Pará

João Doria (PSDB), São Paulo

Mauro Mendes (DEM), Mato Grosso

Paulo Câmara (PSB), Pernambuco

Renato Casagrande (PSB), Espírito Santo

Romeu Zema (Novo), Minas Gerais

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