Chama atenção que a primeira viagem oficial do presidente Jair Bolsonaro (PSL) a Santa Catarina possa ser para um encontro evangélico em Camboriú. Quem conhece o Congresso de Gideões, no entanto, compreende seu capital político.

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O evento, que não consta no calendário turístico oficial da Santur, reúne anualmente cerca de 150 mil evangélicos, vindos de todo o país. É mais do que a população da vizinha Balneário Camboriú. Entre eles muita gente simples, que faz dessa a única viagem do ano.

Durante o encontro, Camboriú se despe de si mesma para receber os visitantes. Moradores deixam suas casas para receber os turistas e lojas são esvaziadas temporariamente para dar lugar ao comércio gospel. Nas ruas, é possível encontrar desde comércio de roupas especializadas até cantores que promovem seus lançamentos ali mesmo.

Uma plateia engajada de fiéis – e de eleitores. O deputado federal Marco Feliciano(Podemos) é um dos pastores mais assíduos do encontro. Participa há mais de 20 anos. Como ele, outros parlamentares da bancada neopentecostal passam regularmente pelo congresso de gideões.

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Até quem não é tão próximo assim do eleitorado evangélico faz suas incursões pelo encontro. Em 2010, por exemplo, José Serra (PSDB), então pré-candidato à presidência da República, foi um deles.

O caldo político ficou tão espesso que a organização chegou a enfrentar problemas com a Justiça Eleitoral. Em 2016, a organização determinou que referências políticas no púlpito não seriam toleradas. Aparentemente, a recomendação não vingou.

O presidente Jair Bolsonaro esteve em Camboriú com a primeira-dama Michelle no fervor do período pré-eleitoral do ano passado. Chamado ao púlpito, falou sobre gênero, criticou a lei da palmada e foi ovacionado pelos fiéis. Teria prometido voltar, caso fosse eleito.

Escolhas

Havia quem esperasse que a estreia do presidente no Estado fosse para inaugurar obras executadas pelo governo federal. Como o berço 4 do Porto de Itajaí, que está pronto, ou como a tão esperada duplicação da BR-470, que já ultrapassou mandatos junto com a faixa presidencial, sem solução.

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Em Balneário Camboriú na última quinta-feira (25), a ministra Damares Alves disse ao público que o presidente não se elegeu prometendo obras, mas "resgatar valores". Questão de escolha.