Cidades gaúchas que fazem divisa com Santa Catarina têm novas restrições a partir deste fim de semana, para tentar conter o avanço da Covid-19. As medidas incluem praias fechadas para permanência na faixa de areia e restaurantes em sistema de delivery ou take away. 

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Os municípios que aderiram às novas regras integram as 11 regiões do Rio Grande do Sul que entraram em bandeira preta, que indica nível gravíssimo de risco para Covid-19 – o equivalente à bandeira vermelha em Santa Catarina

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Em um comunicado em vídeo, neste sábado (20), o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), chamou atenção para o avanço da doença no Rio Grande do Sul. Destacou dados como o aumento de 64% nas internações em leitos clínicos em 12 dias, e 22% de aumento na demanda por leitos de UTI. A resposta do estado foi apertar as restrições: desde a noite de sábado, todas as atividades estão suspensas nos municípios gaúchos entre 22h e 5h da manhã, horário em que têm sido registradas aglomerações.

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Nas áreas que estão em preto no mapa de risco – o que inclui as cidades vizinhas de SC – além das praias e restaurantes fechados, as aulas presenciais foram suspensas. Eduardo Leite justificou as medidas mais duras dizendo aos gaúchos que a Covid-19 ganhou “velocidade e potência” no estado, e alertou para a presença de novas variantes no país.

– Chegou o tempo de um remédio mais amargo – afirmou.

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SC resiste às restrições

As medidas mais duras adotadas pelos gaúchos contrastam com a resposta de Santa Catarina, que também enfrenta pressão inédita sobre o sistema de saúde. Os dois estados aparecem com o coronavírus em alta no mapa de monitoramento diário que é feito pelo consórcio de veículos de imprensa.

Santa Catarina vive possivelmente o momento mais grave desde o início da pandemia. Registra colapso hospitalar em Chapecó, iminente falta de leitos na Grande Florianópolis e índice preocupante de ocupação nas UTIs, que neste sábado era de 86,6% em média. O Estado alcançou no fim de semana 26,5 mil casos ativos de Covid-19, com um crescimento de 4,5 mil em 24 horas. Apesar disso, não se fala em novas restrições e a fiscalização ‘enxuga gelo’ para fazer frente às aglomerações que, no papel, estão proibidas.

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Há uma preocupação do governo catarinense em aumentar a oferta de leitos de UTI e ampliar a vacinação nas regiões mais críticas, o que faz sentido no momento em que a Covid-19 pressiona o sistema de saúde. O problema é que há um limite para a ampliação de vagas, que demanda recursos financeiros e, principalmente, os já escassos recursos humanos. Não se pode deixar de falar, ainda, sobre a dose de crueldade que existe nessa equação, porque pressupõe contaminar mais pessoas e expô-las ao risco de internação e morte.

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SC adotou para este momento um modelo de gestão diferente não apenas do Rio Grande do Sul mas também de outro vizinho, o Paraná, onde o governo estadual anunciou que avalia medidas mais restritivas e que não descarta nem mesmo o lockdown. Por aqui, a postura do governo, desde o ano passado, tem sido aguardar que as prefeituras tomem as medidas mais duras. O problema é que os prefeitos nada fazem,
e ninguém mais faz.

Depois de quase um ano de pandemia, adotar novas medidas restritivas é um movimento impopular e difícil, especialmente para um governo que se recupera de uma crise de legitimidade, como ocorre em SC. Mas os dados mostram que a situação na saúde é de emergência. Na busca por evitar o confronto, o Estado esbarra na omissão. 

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