Diz a sabedoria popular que o Carnaval é uma festa democrática. Na prática, nunca foi bem assim. Lá no início do século 20, a elite da Capital de SC se reunia nos salões de baile. O povão, excluído da folia, passou a fazer o próprio Carnaval nas ruas do Centro – uma tradição que persiste, mas está ameaçada por um tacanho “toque de recolher”.

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As forças de segurança pública limitaram o horário de funcionamento dos bares na região central de Florianópolis para que a folia não passe das 2h da manhã. Ao invés de garantir segurança ao pagador de impostos, os agentes da lei mandam todo mundo para casa mais cedo. E quem conhece o enredo sabe o que pode ocorrer se a ordem não for cumprida. Com certa frequência, a noite do Centro de Floripa é alvo de ações truculentas e abusivas.

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As mesmas forças de segurança pública que não davam conta das baladas ilegais na pandemia e que ficaram inertes enquanto as viúvas da ditadura acampavam em área pública e atrapalhavam o trânsito para pedir golpe militar, durante meses, agora fazem um imenso esforço para acabar com o tradicional e histórico Carnaval de rua da Capital.

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“Carnaval” e “proibir” são duas palavras que não fazem par. O fim da festa é para não incomodar o descanso dos vizinhos e para dar tempo de fazer a limpeza das ruas, argumentam. Só que o estranho toque de recolher ameaça a graça e a espontaneidade da festa mais democrática de Florianópolis, enquanto a elite aproveita a folia nos “exclusive clubs”, sem ser importunada.

Parecem outros Carnavais, aqueles de 100 anos atrás. Floripa não merece essa caretice.

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