O fiasco nas prévias do PSDB, que terminaram neste sábado (27) com a vitória do governador de São Paulo, João Doria, aprofundou as rachaduras internas e expôs uma desorganização que não combina com um partido que governou o Brasil e ajudou a fundar a democracia brasileira. Em meio à eleição majoritária que será possivelmente a mais difícil que o país já enfrentou, os tucanos escolheram desnudar seus flancos, com trocas de acusações em meio a uma votação esculhambada.

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A extensão dos danos externos, resultantes das prévias mal feitas, é potencialmente maior à do episódio irresponsável do questionamento do resultado das urnas em 2014, protagonizado pelo deputado Aécio Neves – neocatarinense, que atualmente vive na ponte aérea entre sua nova casa em Florianópolis, Brasília e sua base eleitoral, em Belo Horizonte.

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O desgaste respinga em SC, onde 92% dos tucanos não conseguiram registrar o voto na primeira tentativa, no fim de semana passado. As prévias já haviam provocado mal-estar interno por aqui durante a campanha, quando vazou um vídeo da deputada federal Geovania de Sá, presidente estadual, declarando apoio a Eduardo Leite – dias antes, o diretório havia decidido não apoiar nenhum dos candidatos. O vazamento, fogo-amigo, fez Geovania perder apoio entre os evangélicos, que são uma parte importante de sua base eleitoral.

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No Estado, a divisão é geográfica: “eduardo-leitistas” ao Sul, “joão-doristas” mais ao Norte, com traições declaradas nos batidores. E a disputa estremeceu até a bancada do partido na Alesc. O tempo fechou entre os deputados Vicente Caropreso e Marcos Vieira, que já não se bicavam.

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Internamente, fala-se no risco de revoada de lideranças. Vereadores de diversas cidades no interior, por exemplo, começaram a sinalizar a intenção de deixar o partido conforme as prévias se tornaram campo de batalha. Convertida em uma disputa por agenda, a escolha do presidenciável terminou por minar chances do pré-candidato no cenário nacional, favorecer os adversários e enfraquecer as bases locais.

Em outros tempos, preços em alta e inflação galopante seriam um ativo de ouro nas mãos do partido que lançou o Plano Real e colou sua imagem à da estabilidade econômica. Mas, no Brasil de 2021, o PSDB parece fazer esforço para se tornar irrelevante no debate político – um partido que teve dificuldade para vencer as próprias prévias.

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