Em Itajaí, maior cidade do Litoral Norte, o risco de uma nova enchente não vem apenas da previsão de chuva para as próximas horas. A cidade monitora os índices locais de precipitação, enquanto acompanha a situação de todos os municípios ao longo do Vale do Itajaí – e isto ocorre por uma razão: mais cedo ou mais tarde, toda a água que se acumula em cidades como Rio do Sul e Blumenau descerá até a foz.
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É no momento em que a chuva já parou e que a maioria das cidades começa a ter sinais de alívio que Itajaí recebe o maior volume de água e que experimenta, via de regra, o maior risco de enchentes – uma “enchente sem chuva”. Foi assim nas últimas grandes cheias, inclusive em 2008, quando a cidade viveu sua maior tragédia climática.
Era 24 de novembro. As áreas ribeirinhas já haviam sido atingidas há pelo menos dois dias e, no Vale do Itajaí, o pior já havia passado quando Itajaí amanheceu com 85% do território submerso. Nas ruas mais próximas ao Itajaí-Açu o nível do rio chegou a subir 2,5 metros, encobrindo comunidades inteiras.
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Mais de 40 mil pessoas ficaram desalojadas ou desabrigadas por alagamentos ou deslizamentos de terra, em todos os bairros da cidade. Os acessos foram interditados, inclusive pela BR-101. Em pouco tempo, o Litoral concentrava 40% dos desabrigados em Santa Catarina.
Além da chuva, que já havia somado 317 milímetros em Itajaí desde o início do mês, a cidade experimentava o fenômeno da Lestada, com fortes ventos que empurravam as ondas em direção à orla e levantavam a maré, impedindo que a água do Itajaí-Açu escoasse. Itajaí havia se tornado uma imensa represa.
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Em 2015, outra enchente de impacto no Vale afetou Itajaí em menor intensidade. A principal razão foi o aprofundamento da foz do Itajaí-Açu, que permitiu uma melhor vazão.
Atualmente, o leito do rio tem profundidade de 13,6 metros no canal de acesso aos portos – uma diferença considerável em relação a 2008, quando o rio tinha 10 metros de profundidade na foz.
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Outro fator que deve ajudar no escoamento é que, segundo os equipamentos de monitoramento da Praticagem, que manobra os navios nos portos de Itajaí e Navegantes, não há previsão de lestada ou ressaca para os próximos dias, o que deve acelerar o escoamento.
Apesar disso, o risco de enchente persiste e a prefeitura montou nesta sexta-feira (6) um grupo de trabalho com autoridades de todos os poderes para atuar em caso de emergência. Há abrigos disponíveis, inclusive para animais de estimação, e as equipes da Defesa Civil estão a postos.
Veja imagens de áreas atingidas em SC:
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