O feminicídio foi um dos assuntos em pauta na Assembleia Legislativa de Santa Catarina na quarta-feira e causou polêmica, protagonizada pelos deputados Jessé Lopes (PSL) e Ana Caroline Campagnolo (PSL). Os números foram relativizados pelos parlamentares, que alegaram preferir tratar de "violência como um todo". Feminicídio é o termo que designa, na lei, os assassinatos motivados pela condição de ser mulher, incluindo violência doméstica e discriminação de gênero.
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Os comentários ocorreram em um contexto em que o Estado registra aumento de 75% no número de feminicídios, em comparação com o ano passado. De janeiro até 11 de fevereiro, sete mulheres morreram em situações classificadas como feminicídio em Santa Catarina.
O assunto foi trazido à tona pela deputada estadual Luciane Carminatti (PT), que falava sobre os 11 meses da morte da vereadora carioca Marielle Franco, e trouxe dados estaduais de 2018 – 43 feminicídios, 3.948 estupros e 21.147 lesões corporais.
A fala de Carminatti foi corroborada pelo deputado Ricardo Alba (PSL), colega de partido de Jessé Lopes e Ana Campagnolo, que falou de sua experiência pessoal como servidor do Judiciário:
– Como oficial de Justiça na Comarca de Blumenau vi verdadeiros absurdos, tiravam os agressores e eles retornavam ao lar por causa da legislação fraca _ afirmou.
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Jessé Lopes (PSL) disse que está disposto a apoiar causas que envolvam o combate à violência contra a mulher, mas relativizou os feminicídios dizendo que há mais homens do que mulheres assassinados no país:
– Em 2017, 61.619 pessoas foram assassinadas, 4.657 mulheres. Não estou diminuindo ou desqualificando, o problema é a violência como um todo, sou contra qualquer tipo de assassinato _ disse Jessé.
A deputada Ana Caroline Campagnolo o acompanhou dizendo que o feminicídio é uma “pauta relacionada ao marxismo interseccional”:
– De repente, só porque é mulher a pena tem que ser maior. Daqui a pouco, só porque é negro, é homossexual, porque é pobre, porque é rico. Acredito que as divisões não são positivas, todas as vidas valem a mesma coisa.
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Ameaçada
A deputada usou o espaço, também, para dizer que recebe ameaças desde 2013. Segundo ela, o responsável é o mesmo que ameaçou o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL).