A família da advogada Lucimara Stasiak, encontrada morta em um apartamento no Centro de Balneário Camboriú, pretende levar o corpo a Blumenau para que seja cremado. Ela viveu na cidade a maior parte da vida, com as tias e a avó paterna.

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A Polícia Militar (PM) negociou por mais de 24 horas a liberação do corpo — a ocorrência teve início às 18h de terça-feira (2). O companheiro de Lucimara, Paulo de Carvalho Souza, 42 anos, estava em aparente surto psicótico, trancado na sacada do apartamento, e se entregou à polícia no início da noite desta quarta. Ele, que também é advogado, disse à polícia ter matado a namorada e se recusa a se entregar.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha de perto a situação. O presidente da OAB/SC, Rafael Horn, esteve no local onde a polícia negocia a rendição de Paulo e conversou com as autoridades policiais que conduzem o caso. Em nota, afirmou ter ficado consternado.

"Não aceitamos qualquer tipo de violência. Estamos falando da vida de uma pessoa, o bem mais precioso que temos, suprimida em circunstâncias dramáticas. A OAB catarinense atua pela igualdade de gênero, pelo protagonismo feminino em todas as camadas da sociedade e reiteradamente tem se posicionado pelo fim da violência contra a mulher, inclusive realizando ações junto à sociedade por intermédio das nossas comissões temáticas."

Há advogados auxiliando a polícia nas negociações, e um grupo de advogadas presta apoio à família. O presidente da subseção de Balneário Camboriú, Shames André Pietro de Oliveira, disse que a entidade ofereceu o suporte da Caixa de Assistência dos Advogados para o funeral.

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Também em nota, a OAB informou que Lucimara era engajada nas ações institucionais da entidade. A presidente da Comissão da Mulher Advogada, Rejane Silva Sánchez, diz estar estarrecida com o crime.

"Lucimara estava perto de nós, mas mesmo assim foi vitimada. Essa sensação de impotência é gerada em parte pela impunidade dos agressores e também pela manutenção da misoginia, fruto de um machismo estrutural que a sociedade brasileira não pode chancelar. Essa epidemia de violência contra as mulheres precisa acabar", afirmou.

Advogada completou 30 anos um dia antes de morrer

Prima de Lucimara, Janaina Rautenberg diz que a advogada completou 30 anos na última quarta-feira (27). As informações preliminares são de que ela teria morrido um dia depois, supostamente durante uma discussão entre o casal.

Lucimara nasceu em Curitiba (PR), mas foi criada pela avó e as tias em Blumenau. Formou-se em Direito na Furb e tinha o sonho de ser juíza. Ela trabalhou em um escritório de advogacia na cidade. Mudou-se, tempos depois, para Florianópolis, onde também atuou como advogada em um escritório.

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A família soube do relacionamento entre ela e Paulo em meados do ano passado, quando a advogada se mudou para Balneário Camboriú para viver com ele.

— Minha avó passou mais tempo com os dois, e diz que ele era sempre muito tranquilo, amoroso, aceitava as opiniões dela — diz Janaína.

Ela falou com Lucimara no dia do aniversário, que a advogada comemorou com o companheiro. Uma outra prima entrou em contato com ela bem cedo no dia seguinte, por volta das 7h. Depois de um tempo, Lucimara teria deixado de responder às mensagens no celular.

A família está arrasada e custa a acreditar no que houve. A dificuldade para retirar o corpo de Lucimara de dentro do apartamento torna a espera ainda mais dolorosa

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— Queremos ter uma despedida decente — diz Janaína.

A advogada Clair Junckes, que acompanha o caso, diz que as negociações com Paulo estão avançadas e há expectativa de uma conclusão em breve.