O atraso no envio de dados da vacinação contra a Covid-19 pelos municípios tem distorcido o real cenário de imunização em Santa Catarina. A falta de informações que precisam ser prestadas pelas prefeituras afeta o nível de transparência e, em última instância, pode impedir catarinenses de viajar para fora do país.

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Diariamente, os municípios precisam abastecer dois bancos de dados com informações da vacina: o nacional, do Ministério da Saúde, e o estadual. Um levantamento feito pelo jornalista de dados da NSC, Cristian Weiss, que é responsável pela plataforma Monitor da Vacina, apontou que, na última quarta-feira (7), 54 municípios estavam com informações desatualizadas há pelo menos três dias no Vacinômetro – a ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde para acompanhar a vacinação.

Do total de cidades em atraso, 30 não atualizavam os dados há sete dias ou mais. Entre elas, 14 não enviam informações para o site oficial há mais de um mês.

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É o caso de Palhoça, que aparecia desatualizada no sistema desde fevereiro. A prefeitura percebeu o erro, e corrigiu. Já Criciúma, que não abastece os dados desde 26 de junho, informou à repórter Mayara Vieira, da NSC TV, que discorda do modelo de adotado pela Secretaria de Saúde, que reúne o número de vacinados com dose único no grupo de vacinados com duas doses – por isso, desde a chegada das doses da Janssen, não repassa a atualização dos dados.

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Sem dados, nada de carteirinha digital

A falta de atualização que atinge o Vacinômetro estadual ocorre também no “localizaSUS”, ferramenta do governo federal para o controle da vacinação. Isso empurra Santa Catarina para baixo, em comparação com outros estados. Nesta quinta, o Estado aparece em 6º lugar na ferramenta, com 3,4 milhões de doses aplicadas – o equivalente a 77% de tudo o que foi enviado pelo Ministério da Saúde.

Mas esse não é o único impacto negativo desse atraso. Os dados informados pelos municípios abastecem a carteirinha digital de vacinação, que pode ser acessada por aplicativo. Essa carteirinha tem um código QR Code, que confere a validade do documento. Por isso, ela tem sido usada como comprovante de vacinação – inclusive por brasileiros que pretendem viajar para o exterior.

Os dados individuais sobre a aplicação das doses precisam ser informados pelos municípios. Se isso não é feito, a vacina não consta na carteirinha digital.

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Florianópolis, por exemplo, que vacinou mais de 270 mil pessoas, consta no site do LocalizaSUS com 167 mil vacinados, incluindo primeira e segunda dose. Isso significa que 103 mil pessoas que acessarem o sistema não conseguirão comprovar a vacina contra a Covid-19 na carteirinha digital.

O secretário adjunto da Saúde na Capital, Luciano Formighieri, diz que a demora ocorre porque a exportação de dados é burocrática, em razão do cadastro individual. “Dificuldade do sistema deles e também do nosso”, escreveu à coluna. Segundo ele, a Secretaria montou uma força-tarefa para dar conta da inclusão de dados.

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