As exportações de Santa Catarina, em todos os modais, cresceram 3% no primeiro quadrimestre de 2019, em comparação com o mesmo período no ano passado. A movimentação chegou a US$ 2,74 bilhões, segundo dados do Ministério da Economia – um desempenho promissor diante de um cenário econômico ainda retraído. Em abril, as exportações alcançaram US$ 812 milhões e um crescimento de 11% em comparação com o mês de março. No mesmo período, as exportações brasileiras recuaram 0,08%.
Continua depois da publicidade
Os resultados de Santa Catarina, nas vendas para o exterior, são próximos de 2014, quando houve recorde de exportações no mês de abril (US$ 881 milhões). Os valores inverteram a tendência de queda de 2% que vinha se acumulando no primeiro trimestre.
Somente no Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes, que responde pela maior movimentação do Estado, o crescimento das exportações foi de 16,7% no mês de abril, alavancado pela proteína animal. Os números da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) mostram que, em todos os terminais portuários, embarques de soja, e de carnes de aves e suínos lideraram o crescimento.
– Tivemos um desempenho muito substancial das exportações. Ainda temos embargo em relação ao frango na União Europeia, mas com expectativa de que seja resolvido. Há de se reconhecer que houve melhoria porque outros mercados foram abertos, como Estados Unidos e Japão, e isso se deve ao esforço desse setor empresarial – diz Maria Teresa Bustamante, presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc.
Continua depois da publicidade
As importações, que respondem pela maior fatia do comércio exterior em Santa Catarina, seguem em alta. O Estado movimentou US$ 1,2 bilhão em produtos importados em abril, 2,6% a mais do que em março, e 1,7% acima de abril de 2018.
O destaque é a importação de carros, que somou US$ 52 milhões e aumentou 258% em 2019. Parte é movimentada por via terrestre, e parte pelos portos – Argentina e Alemanha são os maiores emissores.
Cobre refinado e filamentos sintéticos completam a lista dos produtos que lideraram as importações em Santa Catarina nos primeiros meses do ano.

Nos portos, movimentação recua
Há expectativa de que os bons resultados do comércio exterior em abril reflitam no resultado da movimentação portuária, que teve leve recuo no primeiro trimestre – último dado compilado pela Fiesc. Os terminais movimentaram 9,9 milhões de toneladas e o equivalente a 428 mil TEUs – medida internacional que corresponde a contêineres de 20 pés. Os números são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), e representam redução de 0,5% em relação aos contêineres, e de 0,2% em toneladas, em comparação com o primeiro trimestre de 2018.
Continua depois da publicidade
Para o secretário-executivo da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egidio Martorano, o período de avaliação ainda é curto e a redução pequena para uma análise conservadora. Dados isolados, como os do Porto de Itajaí, que registrou crescimento de 11% na movimentação de contêineres no período, e do Porto de Imbituba, que teve 20% de aumento na tonelagem de cargas, especialmente por commodities agrícolas, o fazem manter a perspectiva otimista para 2019.
– Há uma certa estabilidade nos últimos anos. Santa Catarina vai manter o crescimento porque tem portos eficientes e um grande parque industrial – avalia.
A expectativa é a mesma para o presidente do Porto Itapoá, Cássio Schreiner. O terminal privado registrou, nos três primeiros meses do ano, movimentação de 170 mil TEUs – um crescimento de 6% em relação ao primeiro trimestre de 2018. Segundo ele, já foi possível sentir na largada de 2019 um incremento nos negócios do setor madeireiro, metal mecânico, automobilístico e eletroeletrônico, que movimentam os números do porto.
– O mercado, de forma geral, aguarda o encaminhamento das reformas estruturantes que estão por vir no país, para que 2019 se concretize como um ano de retomada da economia -afirma.
Continua depois da publicidade

Infraestrutura é desafio para 2019
Manter a cadeia do comércio exterior em alta passa pela produtividade dos portos. Santa Catarina tem terminais entre os mais eficientes do país, mas enfrenta problemas de infraestrutura. É o caso do terminal Portonave, em Navegantes, que domina 49% do mercado em Santa Catarina, tem a segunda melhor movimentação de contêineres do país, mas enfrenta restrições de acesso.
O Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes aguarda a conclusão das obras da bacia de evolução, nova área de manobras para navios de até 336 metros de comprimento. O limite atual, de 306 metros, leva a uma perda anual de R$ 480 milhões ao ano, segundo a Superintendência do Porto de Itajaí. O valor leva em conta empregos e impostos, como o ISS, municipal, e o ICMS, que é estadual.
As obras custaram R$ 125 milhões e foram consideradas concluídas pelo Estado, de acordo com os parâmetros de dragagem que estavam em contrato. Mas vão demandar um investimento de mais R$ 45,5 milhões, a serem pagos pelo Porto de Itajaí e a Portonave, para que a bacia de evolução sirva ao propósito para o qual foi construída.
A infraestrutura de acesso é uma das principais preocupações da Agenda Portos da Fiesc. Questões como profundidade dos canais e condições de navegabilidade são essenciais para manter Santa Catarina em condições de competir no mercado. Para o Estado, qualquer um dos terminais escolhidos pelas empresas de navegação significa circulação de mercadorias e receita – algo fundamental para fazer a economia girar.
Continua depois da publicidade
– O único porto com profundidade adequada é Imbituba. Em Itajaí tem a questão da bacia, e no acesso à Baía da Babitonga (Norte do Estado) é necessária uma correção de curva e aumento de calado. Para nos mantermos nesse mercado, precisamos estar atentos às exigências da marinha mercante – afirma Martorano, da Câmara de Transportes e Logística da Fiesc.
A obra na Baía da Babitonga é estimada em R$ 230 milhões. Em Itajaí, também são necessários mais R$ 200 milhões de investimentos para a segunda etapa da bacia de evolução, que abrirá espaço para navios de 366 metros. Os recursos deveriam vir do governo federal.