Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao Ministério da Economia, compara o nível de medidas restritivas adotadas pelos estados no início da pandemia no Brasil, em em abril do ano passado, com a resposta dada ao momento mais crítico vivido no país, em março de 2021. Em Santa Catarina, o estudo comprova que o Estado não reagiu proporcionalmente à chegada da segunda onda e ao aumento no número de óbitos.
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O comparativo leva em conta as medidas legais de isolamento social – os decretos estaduais – e o grau de rigor com que eles atingiram atividades como grandes eventos, comércio não essencial, bares e restaurantes, escolas, transporte público e atividades industriais não essenciais.
Em Santa Catarina, o estudo do Ipea deu nota 7,3 para as restrições em abril de 2020. A avaliação baixou para 3,6 em março de 2021, com redução de 51% nas medidas restritivas – a terceira maior discrepância, atrás apenas de Roraima e Rio de Janeiro. O número de mortes foi inversamente proporcional: 44 em abril do ano passado, contra 3.394 em março de 2021.
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Gráficos produzidos pelo Ipea mostram que as medidas restritivas (em preto) ficaram distantes da elevação no número de óbitos no Estado.

Outra representação indica o quanto os decretos interferem no índice de isolamento social.

– Antes da primeira onda, SC teve as medidas mais rígidas do país. Elas começaram a ser relaxadas, mas algumas (medidas) importantes continuaram, como a suspensão do transporte intermunicipal, que SC fez e outros estados não fizeram. Mas o que aconteceu foi um relaxamento excessivo, e agora, na segunda onda, não houve uma reação como em outros lugares em termos de enrijecimento das medidas – diz o pesquisador Rodrigo Fracalossi de Moraes, responsável pelo levantamento do Ipea.
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Segundo ele, os dados permitem observar que SC enveredou por um caminho diferente de estados como Ceará, Espírito Santo e Acre, onde o aumento no número de casos de Covid-19 disparou uma série de medidas mais restritivas, para tentar conter as infecções.
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Também chamou atenção de Moraes a opção do Estado de criar um modelo de classificação de risco, mas terceirizar aos municípios o cumprimento das regras, e não de forma obrigatória – como é o mapa de risco, que não consegue retratar a realidade da pandemia. Segundo ele, a falta de organização prejudica a resposta do governo à pandemia.
– Uma das dificuldades que alguns estados tiveram foi não ter plano organizado e abrangente de distanciamento social, parecido com o do Rio Grande do Sul, São Paulo, do Acre. Vários estados têm um plano desse tipo. Em SC o plano foi feito mas bem depois, em julho, e não é abrangente e obrigatório. A política foi ficando muito fragmentada, nas mãos dos municípios. Comparado com outros estados, foi um dos que ficou com a política muito fragmentada – avalia o pesquisador.
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A recomendação do estudo, reforçada por Moraes em entrevista à coluna, é que o Estado adote um modelo adequado de gestão das medidas de isolamento social. A ideia é aumentar a força dos decretos estaduais, a regularidade e a previsibilidade das ações de contenção da pandemia, de acordo com o número de casos e óbitos por Covid-19.
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