A Secretaria de Estado da Saúde convocará nesta semana a reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para deliberar sobre a obrigatoriedade de prescrição médica para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19. O encontro será virtual e técnico: serão chamados os membros da câmara técnica da Comissão, o que aponta para intenção de discutir o assunto tirando a política da sala.

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Oficialmente, o Estado já se posicionou contrário à prescrição médica para vacinas. Em nota, o secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, disse que “é urgente a imunização das crianças contra a Covid-19” e que acompanha “o posicionamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) de que não se faz necessária a exigência de prescrição médica”.

A posição não é exatamente um contraponto ao governo federal, algo que o governo Moisés resiste em fazer. Mas uma tentativa de tirar o assunto do âmbito político-ideológico, onde a vacinação jamais deveria ter entrado.

Há dois problemas com a prescrição médica de vacinas. O primeiro deles é o acesso ao pediatra. É evidente que será mais fácil para uma criança cujos pais têm condições de pagar uma consulta particular, um plano de saúde, ou mesmo que moram em bairros com boa rede de assistência do SUS. Será mais difícil para aqueles que já vivem em condição de vulnerabilidade. Ou seja, teremos os privilegiados da vacinação infantil.

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Outro impasse é deixar que ocorra com as crianças o que aconteceu com as gestantes, para quem também é exigida prescrição médica para vacinação. Nos últimos meses, a quantidade de grávidas não vacinas que foram parar nas UTIs passou a preocupar os médicos. Escrevi sobre isso na coluna.

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A tendência é que o Ministério da Saúde decida até o início de janeiro se manterá a prescrição médica como condicionante para vacinação de crianças, levando em conta as informações obtidas na absurda consulta pública que está em curso. Trata-se de um aceno à base mais radical de apoio ao bolsonarismo às custas da saúde, que tem como único objetivo provocar hesitação vacinal nos brasileiros.

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