Os relatos sobre cães e gatos que fugiram e se perderam, ou que tiveram ataques de pânico durante a queima de fogos do Réveillon, por todo o Estado, levantam uma questão que precisa ser colocada em pauta, com urgência: a proibição dos fogos de alto estampido em Santa Catarina.
Continua depois da publicidade
A maioria das cidades usou fogos de baixo impacto auditivo na programação oficial – caso de Florianópolis e Balneário Camboriú, que têm as duas maiores queimas de fogos de SC. Mas o Estado não possui uma lei, hoje, que proíba os fogos comuns, e eles foram usados em muitas festas privadas pelo Estado.
A legislação estadual reconhece, desde 2018, cães, gatos e cavalos como seres sencientes. O que significa que, em território catarinense, admite-se que os animais têm sentimentos como dor e angústia. O artigo foi acrescentado ao Código Estadual de Proteção aos Animais, que estabelece as condições em que devem ser tratados. Submetê-los a uma estrondosa queima de fogos é, portanto, compatível com maus tratos.
Não se trata de exagero: em Itajaí, por exemplo, há histórias de cães que saltaram o muro de casa para fugir do barulho e correram até a exaustão. Outros, desnorteados, estão perdidos desde a noite de 31 de dezembro.
Continua depois da publicidade
Numa das clínicas veterinárias que mantiveram plantão durante a virada, diversos animais foram atendidos com problemas cardíacos e crises de ansiedade. Houve caso em que o bichinho precisou ser internado durante a tarde pelos donos de forma preventiva, para que passasse pelo momento da queima de fogos sob monitoramento.
Falo dos animais para reforçar a incoerência de reconhecermos sua sensibilidade, e os expormos a momentos de terror. Mas o barulho dos fogos também incomoda idosos, crianças pequenas e autistas. É necessário que a lei os proteja.
Vale dizer que mesmo os fogos de baixo estampido causam barulho e incômodo aos animais. Quem dirá, então, os fogos comuns. Bom mesmo seria usarmos o exemplo de Xangai, na China, que iluminou o céu com uma revoada de drones. Foi de encher os olhos. E sem barulho algum.