Às vésperas do retorno às aulas presenciais, depois de quase um ano, chama atenção que o primeiro ato do emedebista Luiz Fernando Vampiro à frente da Secretaria de Estado da Educação tenha sido o anúncio de uma nova escola cívico-militar em Criciúma. Nesta quinta-feira (11), foi a fez de Tubarão. Uma pauta essencialmente bolsonarista, sob medida para o aceno a uma fatia do eleitorado.

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As escolas cívico-militares voltaram com tudo à pauta dos governos – especialmente em Brasília – depois de terem arrefecido em 2020, em meio à pandemia e à troca de ministro na Educação. Mas seguem como a grande aposta do MEC para o ensino público no Brasil. Trata-se, basicamente, do marketing da disciplina.

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O modelo simula o dos conceituados colégios militares, escolas públicas de elite que dividem com os institutos federais e colégios de aplicação alguns dos melhores resultados do país. Mas, convenientemente, ignora que o sucesso dessas escolas está escorado em uma receita com ingredientes fundamentais: professores bem pagos, infraestrutura exemplar e alto investimento. O do Exército, por exemplo, chega a R$ 19 mil por aluno – pelo menos três vezes mais do que uma escola pública comum.

Hierarquia e disciplina estão, evidentemente, no cardápio dos colégios militares. Mas não só. Apesar disso, esse foi o aspecto da escola militar vendido como ‘solução’ para o ensino público brasileiro. 

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Na prática, o modelo cívico-militar ‘embala’ as escolas públicas de sempre com uniforme, corte de cabelo obrigatório e alunos prestando continência para militares da reserva remunerada – a maioria deles, de alta patente e melhor pagos que qualquer um dos professores em sala de aula.  

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A propaganda convence muitos pais e responsáveis, que acreditam na promessa de um futuro melhor para suas crianças e adolescentes. Só que, sem atacar problemas reais da educação, como a má formação e a péssima remuneração dos professores, a escola cívico-militar é instrumento político e ideológico. Muito distante da educação libertadora, horizontalizada e criativa de países como a Finlândia, que tem alguns dos melhores indicadores do mundo nessa área. 

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Disciplina, uniformização e verticalização são respostas simples para a complexidade da educação. Mas a política, no Brasil, tem uma queda irresistível pelas soluções que parecem fáceis demais.   

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