Um levantamento feito Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Santa Catarina (Sinte/SC), com informações do Portal da Transparência do Governo do Estado e do Ministério da Educação, aponta que as escolas cívico-ilitares receberam, desde 2021, o dobro de investimentos do restante da rede. Apesar disso, os resultados no IDEB reduziram 8% nas escolas de Ensino Médio que aderiram ao programa.

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Entre 2021 e 2024, cada escola cívico-militar recebeu, em média, R$ 1,3 milhão em investimentos diretos do Estado. Para o restante da rede estadual, o valor médio investido em obras foi de R$ 528 mil por escola. A ampliação de investimentos é um dos chamarizes do programa de escolas cívico-militares.

A Secretaria de Estado da Educação também destinou, só no ano passado, R$ 9 milhões para pagar militares que atuam nas escolas. O valor foi ampliado em 2024, diante da instituição da Rede de Segurança Escolar, implementada como prevenção a ataques nas escolas – o que inclui as escolas regulares também.

Apesar dos investimentos acima da média, os resultados do programa de escolas cívico-militares no IDEB deixaram a desejar. Os dados divulgados pelo MEC apontam uma redução no rendimento dos alunos matriculados nesse modelo de escola em SC.

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Na avaliação do coordenador do Sinte/SC, Evandro Accadrolli, os números indicam um modelo caro e ineficaz.

– Há um claro desvio de foco que precisa ser discutido urgentemente pela sociedade catarinense, o que garante qualidade na educação não são militares, mas sim um quadro completo de professores habilitados, profissionais de apoio pedagógico, profissionais especializados em administração educacional e profissionais de suporte à estudantes e professores – afirmou.

O programa de escolas cívico-militares iniciou pelo Ministério da Educação, mas foi encerrado pelo governo federal. Desde então, o Estado arca com a implantação e os custos. Alguns municípios também têm adotado o sistema – que foi, inclusive, promessa de campanha de muitos candidatos.

As escolas cívico-militares não o mesmo que os colégios militares, geridos pelas Forças Armadas ou a Polícia Militar. São escolas comuns, que passam a ter militares envolvidos apenas na disciplina.

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Nos colégios militares, o investimento é o maior por aluno entre as escolas públicas no Brasil, e os professores passam por concurso público com exigência de alta qualificação – o que rende alguns dos melhores resultados do Ideb entre as escolas públicas.