A instauração de uma CPI para investigar a compra de respiradores pela Secretaria de Estado da Saúde, e a aprovação do pedido de afastamento do secretário Helton Zeferino pela Comissão Especial que acompanha as ações de controle da pandemia na Alesc, mostram que o problema instalado com as denúncias de irregularidades na aquisição dos aparelhos, publicada pelo site The Intercept Brasil, está só no começo. A exemplo do governo federal, Santa Catarina terá que enfrentar crise política na saúde enquanto combate o novo coronavírus.
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As situações que levaram ao impasse, em âmbito federal e estadual, são diversas. Em Brasília, a crise foi iniciada pelo desgaste na relação entre o presidente Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta, que culminou com a demissão do popular ex-ministro. Em SC, o estopim foi um processo de compra mal feito e mal explicado, em um período que dispensa licitações.
O resultado, no entanto, pode ser semelhante. Se no governo federal a troca ministerial abalou o andamento dos trabalhos e o fluxo de informações sobre o combate à pandemia, no Estado a crise fará o governo ter que lidar com o desgaste de uma investigação parlamentar quando deveria estar concentrado no enfrentamento ao novo coronavírus.
É difícil, ainda, medir que consequências um eventual afastamento de Zeferino poderia trazer ao andamento dos trabalhos. O governador não tem o hábito de trazer outros nomes da Saúde às coletivas de imprensa sobre o novo coronavírus. Qualquer mudança, portanto, soaria como uma ruptura em uma fase crítica de enfrentamento da covid-19.
Neste momento, o pedido de afastamento feito pela Alesc tem cara de instrumento político. Mas o governo pode avaliar que manter o comando da Secretaria de Estado da Saúde, diante das denúncias de irregularidade na pasta, arranha a imagem.
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Piora o quadro o fato da compra dos respiradores ter vindo à tona após os problemas com a contratação do hospital de campanha de Itajaí, que levaram ao recuo do governo. O hospital custaria R$ 76 milhões para seis meses de operação, com 100 leitos de UTI. O edital foi judicializado, e o Estado acabou cancelando a contratação para reiniciar o processo.
Um escândalo é tudo o que Santa Catarina não precisava neste momento em que o número de casos e de mortes não para de crescer. O governo, que teve dificuldades para lidar com a pressão contra o isolamento social, agora terá que testar as habilidades com um grupo bem mais heterogêneo. De deputados da oposição.
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