O mais novo escândalo envolvendo os Bolsonaro e os militares de seu entorno ameaça engasgar a retórica “anticorrupção” que o ex-presidente nutriu entre seus seguidores mais devotos. Os indícios apurados até agora apontam para um esquema criminoso que surrupiou bens, que deveriam ter sido incorporados pela União, para fazer dinheiro em leilões de artigos de luxo.
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A Polícia Federal aponta que o modus operandi incluía contas “laranjas”, supostamente operadas pelo general Mauro César Lourena Cid. Até então, uma figura que gozava de respeito nas Forças Armadas.
Todo o roteiro é de um esquema tão pouco sofisticado que beira o ridículo – especialmente num país como o Brasil, onde os escândalos de corrupção proliferam como mato. A sequência de trapalhadas inclui a descuidada “selfie” do general em itens levados à venda e a revelação de que, depois que as joias foram parar nas páginas dos jornais e o esquema emergiu, a entourage de Bolsonaro montou uma “operação resgate” para recomprar um relógio Rolex que já havia sido passado adiante.
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As investigações sinalizam que o mesmo voo que levou o ex-presidente para os Estados Unidos, antes de terminar o mandato, para não passar adiante a faixa presidencial, carregava também um punhado de itens recebidos por Bolsonaro como representante do Brasil, e que foram parar em casas de leilão na América.
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A esta altura, com figuras tão próximas do ex-presidente envolvidas, resta perguntar quem se beneficiaria do esquema. Se as suspeitas da Polícia Federal se confirmarem, estaremos diante de uma confusão fenomenal entre o público e o privado.
Bolsonaro nega qualquer irregularidade. Mas precisará explicar se lucrou com bens da República enquanto se vangloriava de ter desligado o aquecimento da piscina do Palácio do Planalto.
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