Entregue pelo Estado sem condições de ser utilizada para a manobra dos navios, a bacia de evolução do Itajaí-Açu já representou uma perda de mais de R$ 16 milhões este ano à cadeia portuária de Santa Catarina. O valor corresponde somente ao que deixou de ser movimentado no Estado por um dos navios que faz parte da linha asiática, operada em Navegantes, e que desde o início do ano é desviado para outros terminais porque não há espaço para manobrar no Complexo Portuário.
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A embarcação tem 336 metros, tamanho que os portos de Itajaí e Navegantes deveriam receber se a obra estivesse pronta. Em apenas oito escalas que deixaram de passar pela região, o navio deixou de movimentar 14 mil TEUs – medida que equivale a contêineres de 20 pés.
Na outra margem, em Itajaí, a APM Terminals perdeu todo um serviço de ligação para o Norte da Europa, com escalas semanais, porque o operador passou a usar navios maiores este ano. A empresa não informou a quantidade de contêineres movimentados pela linha, mas o prejuízo causado por apenas um navio que deixa de fazer escala em Navegantes mostra que o impacto é importante.
A obra da bacia de evolução – a área de manobras dos navios – considerada vital para a economia de SC, custou R$ 125 milhões e foi considerada entregue pelo Governo do Estado em abril. Em nota, o Deinfra informou que o volume de dragagem que estava no contrato feito com a empresa Triunfo foi cumprido, e que não foi possível alcançar os 14 metros de profundidade, como era esperado, porque a obra ficou parada durante o período de defeso do camarão, de março a maio do ano passado, o que teria causado assoreamento.
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O fato é que, da maneira como foi entregue pelo Estado, a maior obra de infraestrutura feita nos últimos anos não tem condições de ser homologada pela Marinha para receber navios de 336 metros, que é o objetivo da empreitada. O trabalho sequer condiz com a infraestrutura prevista nos ensaios feitos pela praticagem em Roterdã, na Holanda, onde foram simuladas as manobras.
A Superintendência do Porto de Itajaí deve assumir os trabalhos para concluir a empreitada. O superintendente, Marcelo Salles, disse que ainda está em busca de parcerias para dar sequência à obra. A tendência é que os terminais privados ajudem a pagar a conta, que poderá custar algumas dezenas de milhões.