Eleito impulsionado pelo bolsonarismo no momento em que Bolsonaro perdeu a presidência da República, o governador Jorginho Mello (PL) vem desde o início do governo se equilibrando entre manter a fidelidade ao ex-presidente – e, portanto, ao eleitorado bolsonarista – e uma relação republicana com o governo federal, que é fundamental para os interesses do Estado. 

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp 

Em entrevista à NSC nesta semana, em que fez um balanço dos primeiros sete meses de governo, Jorginho deu mostras de como caminha na “corda bamba” para conciliar as duas questões, muitas vezes divergentes. Um exemplo é a situação das escolas cívico-militares. O Estado anunciou que manterá o modelo, que será extinto pelo governo federal. Mas o governador evitou subir o tom ao defender a decisão, dizendo que não tem intenção de provocar confronto com a medida.  

Mesmo em relação à Reforma Tributária, Jorginho preferiu uma crítica mais amena do que a que fez nas redes sociais após a aprovação da proposta na Câmara dos Deputados. Ponderou sobre pontos que considera que são prejudiciais a Santa Catarina, como a formação do Conselho Federativo e a distribuição do Fundo de Desenvolvimento Regional, o FDR, que compensará os estados pelo fim da guerra fiscal, e falou em dialogar com o governo federal e os senadores. Completou dizendo que a relação com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) continua a mesma, apesar das posições divergentes em relação à proposta. 

Os gestos a Bolsonaro permanecem presentes, especialmente quando Jorginho fala em seu partido, o PL, e sobre as pretensões da legenda para as eleições municipais. O governador reconhece o papel que o ex-presidente teve em sua eleição, e mantém a base por perto. Até o momento, tem conseguido conciliar os interesses e manter o diálogo necessário com Brasília sem irritar a bancada e o eleitorado bolsonarista – ainda que isso inclua evitar receber publicamente os ministros que visitam o Estado. O desafio, para Jorginho, será manter esse equilíbrio. 

Continua depois da publicidade