Com 11 votos contrários à Reforma Tributária entre os 16 deputados da bancada, Santa Catarina contrariou a tendência na Câmara, onde o texto teve uma vitória acachapante de 382 a 118. Mas não só. A maioria dos parlamentares catarinenses também votou na contramão do que esperava o setor econômico no Estado.

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O repórter Jean Laurindo, do NSC Total, procurou as entidades empresariais de SC antes da votação. Os posicionamentos favoráveis à reforma incluíam, por exemplo, a Federação das Associações Empresariais de SC (Facisc) e a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), que ressaltou a urgência do tema. A Fecomércio também se manifestou favorável à reforma, embora tivesse ressalvas em relação à tributação do setor de serviços.

Veja como votou cada deputado de SC na aprovação da reforma tributária

O próprio governo de Santa Catarina estava otimista com a Reforma Tributária. O secretário da Fazenda, Cleverson Siewert, participou de uma série de reuniões com secretários do Sul e Sudeste para ajustar pontos de preocupação. Os governadores das duas regiões – Jorginho Mello (PL) incluído – formaram uma “tropa de choque” para buscar alterações no conselho que vai definir a distribuição dos impostos arrecadados, e conseguiram mudanças no texto original.

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Como a reforma tributária vai reduzir custos e ajudar a economia crescer

A senha para a mudança de posicionamento de SC foi dada pelo governador Jorginho ao publicar um vídeo nas redes sociais, pouco antes da votação, em que se disse contrário ao texto. Um dia antes ele havia conversado com Bolsonaro em Brasília.

Reforma tributária tem apoio de entidades de SC, mas preocupações sobre setor de serviços

O ex-presidente ficou isolado na oposição ao projeto. Ao segui-lo, o governo e a maioria da bancada de SC foram pelo mesmo caminho. Articulada pelo poderoso presidente da Câmara, Arthur Lira, a reforma alcançou consenso sob a premissa de que é uma proposta de país, não de governo.

Bolsonarismo encolhe com a reforma tributária, mas direita de SC segue fiel

A votação expressiva do ex-presidente no Estado, e o fato de que o próprio governador e muitos parlamentares devem a eleição a Bolsonaro os coloca em uma rédea curta. Sob pressão, e com receio da pecha de traição, prevaleceu a fidelidade – ainda que o poder de fogo de Bolsonaro, agora inelegível, ainda seja uma incógnita. A votação pode ter sido um divisor de águas na direita brasileira.

Ocorre que, desta vez, não estava em jogo a pauta ideológica – mas uma reforma que o país aguardava há mais de 30 anos, e que foi referendada pelo setor econômico. Entre as entidades empresariais do Estado e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), SC ficou com o segundo. E perdeu.

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