Em alguns anos, os historiadores ficarão espantados quando se debruçarem sobre o episódio da pandemia no Brasil. A coletânea de erros e omissões é tão extensa, e as consequências tão trágicas, que deixarão abismados até os pesquisadores mais descrentes. A eles, caberá explicar como um país minimizou a perda de dezenas de milhares de pessoas. Como um povo fez um pacto coletivo para dispensar a ciência, apoiado no oportunismo de seus governantes.
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Contarão que, de costas para as evidências, o Brasil navegou sem rumo, sem ministro da Saúde. Que não houve protocolos nacionais unificados, e o socorro, à saúde e à economia, foi insuficiente. Que o Estado, que havia assumido as rédeas da crise, passou o controle para os municípios quando a pressão apertou. E que as prefeituras oscilaram entre a inércia e as soluções milagrosas, enquanto o número de mortes aumentou e começaram a faltar vagas nas UTIs.
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Relatarão que os municípios apostaram em medicações ainda sem comprovação científica de eficácia, para prevenir ou tratar a Covid-19. Pressionados pelo setor econômico de um lado, e pelas eleições de outro, os prefeitos desperdiçaram dinheiro público com medidas que tinham grandes chances de não fazer efeito algum.
Mostrarão que, entre o desgaste de medidas mais drásticas de isolamento social, ou fazer a população de cobaia, apostaram na segunda alternativa. Especialistas ressaltaram que a doença evoluiria naturalmente, sem complicações, para quase 90% da pessoas infectadas. Quantas delas traduziram a cura em votos?
Vivemos uma crise de placebos. A história contará que o governo federal tem outras preocupações, o Governo do Estado faz recomendações que ninguém respeita, e os municípios não respondem à pandemia. Enquanto os governantes fingem gerir a crise, quem ganha é o vírus.
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