Política é sobre fazer escolhas. A divisão do orçamento, a definição de prioridades. Mas, acima de tudo, política é sobre pessoas. A decisão da prefeitura de Joinville de manter a programação de Natal na noite de segunda-feira (23) no Centro, mesmo diante de um terrível incidente que deixou crianças e adultos feridos, é sinal de que este é um conceito em crise.
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A imagem de autoridades discursando em Joinville enquanto embarcações vasculhavam o rio, em busca de desaparecidos, só não é mais impactante do que o vídeo do momento em que a calçada cedeu e dezenas de pessoas despencaram de repente.
Anderson Silva: Manter festa de Natal em Joinville com pessoas feridas foi um erro de sensibilidade
Ouvi de um grande jornalista que o saldo do incidente, sem mortos nem feridos graves, é um milagre de Natal. De fato, o episódio poderia ter se convertido em uma grande tragédia e é uma ótima notícia que isso não tenha ocorrido. Mas o “mal menor” não deveria ser a régua para medir a tomada de decisões de quem tem a obrigação de zelar pelas pessoas.
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A repercussão foi tamanha que o assunto entrou às pressas no Jornal Nacional, ainda na noite de segunda, e ganhou espaço nos principais telejornais brasileiros desde ontem. Afinal, são histórias de pessoas que saíram de casa para assistir a um espetáculo de Natal e foram engolidas pelo chão.
Moradores relatam desespero de crianças após queda de calçada em Joinville
Muito se fala no desinteresse e do afastamento das pessoas em relação à política. Mas a falta de humanidade e de espírito público dos gestores ajuda a explicar por que isso ocorre. A festa que continuou em Joinville apesar dos feridos, apesar do susto, apesar do trauma, é sintoma de quando a política perdeu a conexão com aqueles para quem ela é feita.
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