É um escândalo o que afirma a Defensoria Pública da União (DPU), que acusou o Inep de mentir sobre as medidas tomadas para garantir a segurança de quem vai prestar e aplicar o Enem neste domingo. Anunciar uma ocupação de 50% das salas de aula, mas planejar o ensalamento com 80%, é sinal de desprezo com a saúde e com o futuro dos brasileiros.
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Na UFSC, que formalizou queixa à organização da prova, fontes ouvidas pela coluna disseram que o Inep está contando com uma abstenção de 30% dos inscritos. Isso foi relatado por pelo menos dois diretores do Inep. O mesmo já havia sido relatado por aplicadores da prova no Paraná, ao Estadão – o que indica que se trata de uma estratégia nacional.
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Dessa forma, a organização do Enem joga a segurança dos estudantes na loteria. Se confirmada a abstenção, será possível a menor ocupação das salas de aula.
O problema é que a distribuição dos candidatos não é feita na hora da prova. O que, mesmo que a previsão do Inep esteja certa, pode resultar em algumas salas cheias, enquanto outras não terão quase ninguém. É o tipo de projeção que só funciona na teoria.
O público-alvo é jovem, menos sujeito a casos graves de contaminação. Mesmo assim, parece incoerente que seja o Ministério da Educação a promover a aglomeração de jovens e adolescentes sem os cuidados mínimos em tempos de pandemia, como o distanciamento.
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A expectativa de alta abstenção pelo Inep retrata uma dupla crueldade. A primeira é a falta de requisitos mínimos de segurança sanitária. A segunda é saber que pelo menos um terço dos estudantes jogarão fora a esperança de entrar num curso superior em 2021, por diferentes motivos.
Alguns adoeceram e não poderão participar. Outros não irão por receio de contaminação. Outros, ainda, desistirão porque foram prejudicados por um ano quase perdido, em que milhares de estudantes remaram para acompanhar aulas à distância sem condições mínimas. É o feio o retrato da desigualdade abissal do Brasil.
Mascarar dados de ocupação das salas de aula, a esta altura, é uma vergonha para a Educação no Brasil. A aplicação das provas do Enem neste domingo segue o roteiro que já é praxe no governo federal, para qualquer assunto que envolva a pandemia: desorganização e desprezo pelas orientações dos especialistas em saúde.
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