As discussões que antecederam a campanha eleitoral deste ano giraram em torno do desafio da Justiça Eleitoral de lidar com a Inteligência Artificial e o perigoso uso de deep fakes. A realidade, no entanto, se mostrou bem menos tecnológica – mas igualmente complexa.

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

Ficou claro que a hiperexposição e as estratégias de engajamento de candidatos influencers, caso de Pablo Marçal (PRTB), em São Paulo, representam uma novidade sobre a qual a Justiça Eleitoral ainda terá que se debruçar. É válida a discussão sobre a obrigatoriedade de um apresentador de TV, como Datena (PSDB), ter que se afastar de seu canhão de visibilidade no período eleitoral, e um influenciador não.

Por outro lado, como impedir que um candidato utilize as redes sociais durante a campanha, por ser influenciador digital, se os demais candidatos podem usá-la livremente em busca do eleitor? Mas esta é apenas uma das reflexões que a movimentada e vergonhosa campanha em São Paulo, legará ao Brasil.

Primeiros resultados das eleições municipais em SC devem sair logo após final da votação

Continua depois da publicidade

A maior cidade do Brasil e da América Latina teve uma disputa marcada pela baixaria. Os debates descambaram da agressão verbal para as vias de fato, com cadeirada e soco. O ápice da selvageria na política.

O péssimo exemplo fez eco em alguns lugares no país, com a violência tomando conta das disputas eleitorais. Em Santa Catarina as campanhas se mantinham, pelo menos até a última quinta-feira, em um nível civilizado – o que não significa que o desvirtuamento deixe de preocupar.

Quem ganhou e quem perdeu no debate da NSC TV em Florianópolis

Trata-se do fenômeno de espetacularização da política. Na era dos views, das curtidas, das lacradas, a vantagem é de quem aparece mais. E esse desvirtuamento é também estimulado pela fatia do eleitorado que não está interessada na discussão democrática, mas no “show”que um ou outro candidato pode proporcionar.

Este é o desafio que a democracia enfrentará nos próximos anos. Entender que a maneira de fazer política mudou, e trouxe novos obstáculos. A era da economia da atenção demandará educação política e conscientização sobre a importância do processo democrático, sob o risco de ameaçar a própria democracia. Só haverá palhaços se o público estiver na arquibancada para aplaudir.

Continua depois da publicidade