A prisão preventiva do general Braga Netto é um marco para a democracia brasileira. Num país que deixou de punir militares golpistas ao longo de décadas, é a primeira vez que um general de quatro estrelas vai parar atrás das grades por tramar um golpe.

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A prisão foi motivada, segundo relatório da Polícia Federal, por tentativas do general de atrapalhar as investigações, inclusive e especialmente interferindo na delação do coronel Mauro Cid. Há indícios, segundo a PF, de que Braga Netto não só reuniu a cúpula golpista em sua casa, para discutir um plano que incluía execução de autoridades, mas também financiou a mobilização dos kids pretos, grupo do Exército que trabalha em operações especiais, para executar a operação golpista.

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É um sinal contundente de que o cerco está se fechando. Depois de Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto era o principal interessado em um movimento que mantivesse o ex-presidente no poder. O general era candidato a vice na chapa de Bolsonaro e foi seu ministro da Defesa e da Casa Civil.

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A esta altura, outros envolvidos na tentativa de golpe, presos ou não, estão com as barbas de molho. Está claro que a Justiça brasileira, desta vez, está disposta a ir até o fim para enquadrar o golpismo.

Braga Netto não está condenado. Terá direito a um processo – na Justiça comum, como qualquer cidadão brasileiro – e à ampla defesa, uma garantia constitucional. Mas já está eternizado na história brasileira como o primeiro militar de elite enquadrado por atentar contra a democracia.

A prisão do general é simbólica porque, 60 anos depois do golpe de 1964, a democracia brasileira dá sinais de vigor. Nem as estrelas são garantia de imunidade ao golpismo.