A vitória de Donald Trump, reconduzido à presidência da maior potência nuclear do mundo, contou com uma ajuda providencial dos adversários: a incompetência dos democratas em atender aos anseios de uma grande parte do eleitorado, afetada pelas mudanças estruturais no cenário mundial, e as consequências que elas têm na vida de cada um, como emprego, renda e perspectivas.

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Donald Trump vence eleições nos Estados Unidos e retornará à Casa Branca após quatro anos

Trump conseguiu avançar em camadas do eleitorado que o rejeitaram em 2020, como os latinos e os afro-americanos, apesar das falas racistas e xenofóbicas em sua campanha, como a atrocidade de que “imigrantes comem pets”. A maioria deu de ombros.

Significa que, na hora de escolher os candidatos, muitos eleitores levaram outras questões em consideração.

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O governo Joe Biden é mal avaliado, e chegou a ter índices recorde de reprovação ao longo dos últimos anos – o que deveria ter soado o sinal de alerta. A inflação alta foi um dos principais problemas no governo democrata, embora os números da economia americana sejam bons e robustos. Ocorre que não basta o índice de crescimento do país avançar, se os preços sobem no supermercado. O que vale é a percepção do eleitor.

A insatisfação, no entanto, não é meramente econômica. E este é um ponto fundamental no retorno de Trump. Os EUA estão no epicentro de um realinhamento de forças, com o avanço da China e a ameaça que isso representa para o decadente império ocidental. O mundo não é mais o mesmo, e as consequências dessa transformação são sentidas com força no país que há 80 anos é reconhecido como a maior potência do planeta.

Latinos votaram em Trump porque, apesar de desprezados pelo republicano, são fruto de gerações que embarcaram no sonho americano – e estão frustrados. Não é à toa que Trump prega “fazer a América grande de novo”. Trata-se de um conceito amplo, que aponta para a imigração como inimigo número um, mas no fundo diz respeito a recolocar os EUA em um papel que já não lhe cabe no mundo.

Biden, por outro lado, não conseguiu entregar os avanços que prometeu. Mal avaliado, insistiu em candidatar-se à reeleição, algo que disse que não faria. Precisou desistir às pressas, após expor sinais de senilidade ao vivo em rede nacional.

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Maioria dos eleitores nos EUA diz estar insatisfeita com a democracia

Kamala Harris assumiu a campanha com um sopro de energia para os democratas. Explodiu em doações – mas estacionou. Membro da ala mais progressista do partido, ela teve resultado no voto feminino. Mas pagou o preço por ter se apagado durante o governo Biden, de quem era vice.

O argumento do esgarçamento da democracia sob Trump, incluindo a insurgência do 6 de janeiro, com a invasão do Capitólio, não foram suficientes pra que a maioria dos eleitores enxergasse nos democratas uma opção melhor do que alternativa oferecida por Donald Trump e suas tendências autoritárias.

O bilionário excêntrico retornará à Casa Branca com o Congresso nas mãos e maioria na Suprema Corte. É uma bomba-relógio, que os democratas ajudaram a armar.

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