A plataforma integrada para gestão da pandemia do novo coronavírus em Santa Catarina, que dá aos municípios a responsabilidade por apertar ou flexibilizar as medidas de isolamento social, resolve dois problemas para o Estado. Por um lado, atende às demandas das prefeituras e regiões por autonomia. De outro, protege o governo de novos desgastes.
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Centralizada no Estado, a tomada de decisões levou a questionamentos dos municípios, tentativas de reabertura forçada e acusações de falta de interlocução. É natural que isso ocorra, em um cenário em que há cidades com centenas de casos e leitos de UTI quase lotados, enquanto outras parecem estar em situação mais confortável.
Ao dar aos prefeitos mais liberdade para modular as medidas de contenção, de forma regionalizada, o governador Carlos Moisés (PSL) atende ao pleito e reforça a mudança de imagem para um perfil mais aberto ao diálogo, fundamental para a sobrevivência do governo.
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É nesse âmbito que entra a segunda solução que a divisão de tarefas oferece ao governador. Ao entregar às prefeituras a responsabilidade por eventuais medidas mais enérgicas, Moisés descola de si uma parte do desgaste que elas trazem. Um efeito natural da contenção à pandemia, que no Brasil foi potencializado pela falta de apoio do governo federal ao isolamento social.
Se a situação piorar nas próximas semanas, o governo terá os prefeitos para dividir responsabilidades. Se melhorar, colherá os créditos das medidas antecipadas de quarentena, que lhe renderam críticas no setor produtivo.
O sistema também parece ser mais claro e transparente, com a tomada de decisões respaldada em indicativos como a ocupação de leitos e a progressão da doença. É uma vantagem importante para convencer os moradores de determinada a região a aceitar novas medidas, impostas pela pandemia.
O governo Moisés, que aos poucos descobre as vantagens do diálogo na política, acerta ao estabelecer a gestão compartilhada. Poderia ter feito isso antes.
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