A poucos meses das eleições, com o cofre cheio e distribuindo dinheiro entre as prefeituras, o governador Carlos Moisés decidiu disputar a reeleição do seu jeito. A escolha do partido e as articulações para a formação da chapa levam a digital da ala militar do governo, mais próxima do “comandante Moisés”. As costuras, conduzidas pelo próprio governador, escantearam o grupo político. 

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O voo solo é construído com militares próximos ao governador e alguns poucos conselheiros que antecedem a crise enfrentada pelo governo em 2020 e 2021, calçado na confiança que Moisés mantém na própria intuição e no impressionante sopro de sorte, que – necessário ressaltar – não o abandonou desde que foi eleito. Mas tem provocado desconfiança entre aliados do governo, que temem que as escolhas do governador não suportem uma composição mais ampla – fundamental para o projeto eleitoral – e prejudiquem a estabilidade atual do governo. 

Um exemplo foi a construção da conversa do governador em Brasília com Baleia Rossi, nesta semana, e a aproximação com o deputado Carlos Chiodini, possível candidato a vice. Articuladas pelo próprio governador, ambas provocaram ruído e descontentaram uma parte dos aliados dento do próprio MDB, onde Moisés mantém a maior base de apoio na Alesc. 

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A possibilidade de que os movimentos erráticos afastem aliados preocupa, porque intensifica a tendência natural de parlamentares se ocuparem com os próprios projetos em ano eleitoral. Isso tende fazer a diferença para o governo em votações importantes, e pode expor fragilidades. Significa o desmonte de uma parceria construída com a política tradicional, à qual o governador se apegou durante os processos de impeachment.

A temperatura deve ser sentida com mais intensidade a partir do fim do mês, com a confirmação da saída do secretário de Estado da Casa Civil, Eron Giordani. Alçado a braço direito do governador a partir dos processos de impeachment, símbolo do casamento entre Legislativo e Executivo e da consequente governabilidade conquistada por Moisés, Eron chegou a ser cotado para concorrer a vice-governador. Mas deve deixar o cargo para concorrer na proporcional pelo PSD, que não estará com Moisés. 

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Curioso é que, quando retornou do período de afastamento imposto pelo segundo processo de impeachment, de braços dados com a Alesc e com plena governabilidade, a leitura imediata era de que Moisés havia se rendido à necessidade de ouvir os sussuros da política. A esta altura, os movimentos indicam que o governador ainda gosta de ver no espelho o velho Moisés. Aquele que, por escolha, não sabe ou não quer jogar o jogo político. 

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