Poucas semanas após o Governo do Estado ter adotado o discurso da “liberdade” para justificar o clima de ‘liberou-geral’, tem sido cada vez mais comum ouvir moradores do Litoral que têm ficado em casa o máximo possível, porque não se sentem seguros. As aglomerações, as festas clandestinas diárias – que contam com vistas grossas da fiscalização – e a dispensa de cuidados básicos, têm dado o tom do verão em Santa Catarina.
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As máscaras são o exemplo mais evidente. Oficialmente, são obrigatórias – é lei federal, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. O governador Carlos Moisés (PSL) disse que não seriam cobradas na praia, e, aparentemente, teve gente que entendeu que não seriam cobradas em lugar algum, porque elas viraram raridade. Já tem até policial fazendo barreira sem máscara. Nem quem deveria fiscalizar está atento ao cumprimento das regras.
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Perdi as contas de quantas pessoas me procuraram, nos últimos dias, reclamando que não se sentem seguras em sair às ruas em algumas cidades do Litoral. “Está todo mundo sem máscara, estou voltando para casa”, me disse um amigo, por telefone. Ele tem recomendação médica para caminhar, precisava sair, mas se sentiu exposto.
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Outra conhecida relatou que levanta de madrugada para sair caminhar com a mãe, que é idosa. Às 5h da manhã, as duas já estão na praia. Saem antes que comece o vaivém dos ‘desmascarados’.
Muita gente que trabalha com público abriu mão dos momentos de lazer, para reduzir o tempo de exposição a uma possível contaminação.
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Mas o ápice do efeito que tem o desrespeito generalizado apareceu num grupo de vizinhos do meu bairro. Um comerciante, dono de um bar bastante frequentado, fervilhante de gente, escreveu um desabafo dizendo que precisou fechar no horário de maior movimento porque a quantidade de pessoas sem máscara ao redor do estabelecimento estava colocando seus clientes e funcionários em risco. Mesmo com a vacina batendo à porta, o comportamento inconsequente de muitos prejudica a saúde e a economia. Como era previsto.
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Dias atrás, escrevi que a aposta na ‘liberdade individual’ retiraria a liberdade de quem se preocupa minimamente com a própria saúde, e a saúde dos outros. A falta de controle é penosa, porque suspende a sensação de segurança e força novas restrições auto impostas a uma boa parte dos moradores, comerciantes e turistas. Ao defender a ‘liberdade’ de quem não está nem aí para o coronavíus, Santa Catarina penalizou quem cumpre as regras.
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