A pandemia avança com rapidez em Santa Catarina, que ultrapassou a triste marca de 500 mortes por Covid-19 esta semana. Mas há parlamentares com outras prioridades. Prova disso foi a moção discutida na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (14), para repudiar uma live. O assunto da transmissão online, organizada pela Coordenadoria de Diversidade Sexual e Enfrentamento da Violência de Gênero da UFSC, era não binariedade e visibilidade nos movimentos LGBTQIA+.

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Já seria uma intervenção indevida dos deputados em uma ambiente de discussão democrática, mas fica pior: como os participantes da live estão em casa, não houve sequer recurso público empregado. A transmissão foi feita gratuitamente, por um canal aberto nas redes sociais. 

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A moção foi aprovada por 13 votos a 8, com uma abstenção. De autoria do deputado Jessé Lopes (PSL), contumaz criador de polêmicas, a proposta não tem justificativa técnica e atende apenas ao apelo ideológico de uma parte dos deputados, mais preocupados com as bolhas das redes sociais do que com os catarinenses.

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Aqui fora, no mundo real, Santa Catarina vive dias difíceis. Nas últimas semanas, fomos atingidos por um ciclone, que deixou um rastro de destruição, e passamos a encarar uma perigosa aceleração da pandemia.

Há regiões onde os leitos de UTI para pacientes com Covid-19 já estão perto da lotação. Faltam medicamentos para intubar pessoas que estão em estado grave – o que causa dor, sofrimento, e morte.

Há empresas, especialmente as pequenas e médias, que estão entre as maiores empregadoras do Estado, que não conseguiram acesso aos programas de crédito do governo. Há famílias com sérias dificuldades financeiras, que precisam ser alcançadas pelas políticas públicas.

Assuntos para debater não faltam, e é para isso que os deputados são (muito bem) pagos pelo contribuinte. Cada parlamentar recebe R$ 25 mil por mês para representar os catarinenses. Respeitar esse investimento é uma obrigação.

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Usar tempo e recurso público para apostar em temas ideológicos, enquanto o Estado enfrenta a maior crise sanitária e, possivelmente, o maior desafio econômico das últimas décadas, é um desserviço e um deboche. Estes, sim, pagos com dinheiro público.

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