A marca de 100 mil brasileiros mortos pela Covid-19 sela a maneira como o país tem enfrentado a pandemia. Negacionismo, desprezo pela vida e pela ciência, e pitadas de corrupção dão o tom de uma tragédia anunciada. E que não tem data para terminar.
Continua depois da publicidade
Alcançar o doloroso número de 100 mil vidas perdidas não surpreende quem acompanha a evolução da pandemia no país. O surpreendente é que, um dia depois de termos chegado a essa marca sombria, nada tenha mudado no Brasil.
> Bolsonaro fala sobre mortes pela Covid: “Tem medo do quê? Enfrenta”
O coronavírus se esbalda em um país anestesiado, de olhos fechados para uma pandemia que virou o mundo de cabeça para baixo. Por negligência e omissão na gestão da Covid-19, cem mil famílias brasileiras choram a falta de alguém. Cem mil brasileiros já partiram sem direito à despedida.
> Veja a evolução da pandemia em SC em um mapa interativo
Continua depois da publicidade
Não há caminho de volta para aqueles que nos deixaram. Mas o que faremos a partir de agora, enquanto país, dirá quantos brasileiros a mais estamos dispostos a perder.
Os números são claros. Mostram que minimizar o coronavírus, e dar as costas às medidas que funcionaram nos países civilizados, com uma política séria de enfrentamento da crise, nos trouxe uma onda de sofrimento e mortes. Os dados revelam que nos distraíram com a promessa de soluções milagrosas, enquanto a doença se espalhou. Nos perdemos entre a “gripezinha” e o “tem medo do quê?”.
Precisamos decidir qual é o nosso limite. E onde está esse limite. Apontado como um dos países que lidaram pior com a pandemia, o Brasil caminha a passos largos para a se manter na posição de pária internacional. Sem perspectiva de controle do vírus, ameaçamos nosso futuro. De nossa gente, e da nossa economia – do turismo interno aos acordos econômicos.
>Nise Yamaguchi: “É uma guerra biológica, ideológica e de narrativa”
>Mandetta: “Cloroquina nunca teve viés de saúde”
Somos reféns de erros grosseiros, de uma política moldada para a morte. Em uma crônica publicada neste fim de semana triste, Antonio Prata me tocou ao dizer que o Brasil é “um país defunto, de projetos defuntos, de esperanças defuntas, com uma autoimagem defunta”. Ou as instituições e o Brasil reagem, ou estaremos fadados a viver indefinidamente a dor dessa tragédia. Para mais de 100 mil brasileiros, já será tarde demais.
Continua depois da publicidade
Participe do meu canal do Telegram e receba tudo o que sai aqui no blog. É só procurar por Dagmara Spautz – NSC Total ou acessar o link: https://t.me/dagmaraspautz