O Brasil caminha para ter o quarto ministro da Saúde no momento mais grave da pandemia no país. A provável demissão do general Eduardo Pazuello selará uma gestão sofrível, arrogante e ineficiente, que ajudou a calçar o caminho para o colapso do sistema de saúde e o recorde de mortes, um ano depois da chegada do novo coronavírus ao Brasil.

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Pazuello, apresentado como especialista em logística, manchou a farda e a biografia ao proporcionar o desmonte da reconhecida expertise brasileira em programas de vacinação em massa. Chegou a dizer que o país compraria vacinas “se houvesse demanda”. Deixou milhões em testes perderem a validade. Enviou cloroquina a um estado onde faltava oxigênio. 

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Um dos mais recentes feitos, na lista de trapalhadas do ministro, foi ter vindo de ‘mãos abanando’ a Santa Catarina, em meio ao caos que se espalhava pela região Oeste. Não atendeu ao pedido por mais vacinas, nem por mais leitos. Uma inútil visita protocolar em meio ao colapso.

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> Pazuello veio a Santa Catarina de mãos abanando

O ministro se indispôs com os governadores, ao se mostrar incapaz de gerir a crise e incendiar as críticas a quem tentou encontrar saída. Causou descontentamento na cúpula das Forças Armadas, que se viram envolvidas numa vergonhosa espiral de negacionismo e incompetência. 

É preciso lembrar, entretanto, que Pazuello nunca foi ineficiente sozinho. O general, mais alto posto atual na hierarquia militar brasileira, habilitado a conduzir múltiplas divisões de guerra, aceitou o lugar de cumpridor de ordens para atender ao projeto de poder do presidente da República. Substituiu dois médicos que, por ética ou senso de realidade, se negaram ao papel de antítese à ciência – e serviu de escudo para Bolsonaro.

Pazuello vestiu convicto a fantasia de boi de piranha. Fora do governo, carregará com ele a culpa por todos os males que assolam o Brasil, celeiro de transmissão desenfreada do novo coronavírus e berçário de novas e perigosas variantes. A despedida do general colocará mais um parágrafo na lista de fracassos de gestão nas incursões políticas do Exército brasileiro. 

A demissão do ministro, esperada desde que o presidente selou o ‘casamento’ com o insaciável Centrão, já vinha correndo nos bastidores há alguns dias. Especulava-se que Pazuello fosse exonerado pelo presidente – mas, segundo O Globo publicou neste domingo, ele mesmo teria pedido para sair, alegando problemas de saúde. Se confirmado, terá sido um último ato de fidelidade a Bolsonaro.

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