Entrevistado no programa Estúdio I da Globonews nesta terça-feira, o delegado da Polícia Federal e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, disse que as ações de combate aos desmatamentos ilegais são prejudicadas porque parlamentares governistas estão sendo “financiados por madeireiros”. Ele citou nominalmente o senador Jorginho Mello (PL) e disse que deputados e senadores formam uma “bancada do crime”.

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Senador de SC vai processar delegado da PF por afirmações na Globonews

A entrevista com o delegado era para repercutir o cenário do desmatamento ilegal e do crime organizado na Amazônia, diante do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Saraiva disse que os criminosos têm “boa parte dos políticos da região Norte do bolso”, e prosseguiu:

“Olha o Centrão, veja de onde saíram grande parte dos parlamentares do Centrão. São financiados por esses grupos. Vou dizer nomes, (Senador) Zequinha Marinho estava junto com Ricardo Salles, Telmário Mota, Mecia de Jesus, Jorginho Mello de Santa Catarina mandou ofício, a Carla Zambelli foi lá defender madeireiro junto com Ricardo Salles. Ou seja, temos uma bancada do crime, de marginais, de bandidos”.

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A coluna procurou o senador Jorginho Mello, mas sua assessoria informou que ele não irá se manifestar sobre as falas do delegado. Mais tarde, confirmou que ele vai processar Saraiva pelas afirmações.

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Saraiva se refere na entrevista a um suposto lobby de parlamentares para defender madeireiros em apreensões de madeira ilegal, proveniente de desmatamento, que foram feitas pela Polícia Federal na região Amazônica. Em especial à operação Handroanthus, que registrou o recorde de 213 mil metros cúbicos de madeira apreendida no Pará. As investigações apontaram desmatamento ilegal, exploração de áreas de preservação permanente e grilagem de terras.

O caso provocou uma crise que caiu no colo do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de interferir na operação em favor dos madeireiros. Na época, em abril do ano passado, Salles disse que agiu a pedido de parlamentares e citou Jorginho Mello e a deputada federal Caroline de Toni (PL) em uma entrevista ao jornalista Rodrigo Bocardi, na rádio CBN. 

Salles afirmou que Jorginho Mello e Caroline de Toni o procuraram em defesa de empresários de Santa Catarina que atuam no ramo de madeiras no Pará. Salles também citou outros três parlamentares, todos da região Norte – os senadores Temário Mota, Zequinha Marinho e Mecia de Jesus.

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A interferência do ministro no caso resultou em uma notícia-crime contra ele e na substituição do superintendente da PF, na Amazônia, o delegado Alexandre Saraiva, que o acusou de agir para proteger os madeireiros.

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Na época, o senador Jorginho Mello disse à coluna que foi procurado por empresários catarinenses, que afirmaram haver irregularidades na apreensão. Segundo ele, uma reunião foi realizada com o então ministro Ricardo Salles em março do ano passado para tratar sobre o assunto, e não houve nenhuma ilegalidade.

– Estava ocorrendo uma situação inusitada, estavam apreendendo madeiras com tudo legalizado, com plano de manejo. Pediram para mim uma audiência com o ministro do Meio Ambiente. Não vieram pedir algo ilegal.

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