O candidato do PT ao Governo do Estado, Décio Lima, relatou nas redes sociais um questionamento feito por um blogueiro catarinense que o criticou e falou em “racismo” contra brancos por destacar reiteradamente em seu material de campanha que tem uma candidata a vice negra, Bia Vargas (PSB). Em áudio, o homem diz que se sente “discriminado”.
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“Eu me sinto discriminado quando você fala na TV, em todos os locais, que tem uma vice negra e tal. Isso diz (sic) também racismo às pessoas de outras cores e outras descendências. Eu sinto essa prática de racismo pra mim, por eu ser branco e ela ser negra”.
A fala, compartilhada por Décio nas redes sociais, provocou indignação entre os seguidores. O conteúdo apela para o conceito de “racismo reverso”, que supõe que pessoas brancas possam ser vítimas do mesmo tipo de discriminação racial que pessoas pretas vêm enfrentando historicamente. O que não faz sentido nenhum.
Bia Vargas, vice de Décio, é a única mulher negra a integrar uma chapa que disputa o governo de Santa Catarina. Negros são maioria entre a população brasileira. Apesar disso, não chegam a um quarto dos representantes no Congresso Nacional, por exemplo. Mais de 75% dos deputados federais e senadores se autodeclaram brancos.
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A escolha de Bia Vargas para integrar a chapa do PT ao lado de Décio Lima levou em conta o fator representatividade. As pesquisas qualitativas mostraram que o eleitorado progressista em SC queria uma mulher negra disputando as eleições. Com desenvoltura em frente às câmeras, ela tem sido figura constante na propaganda eleitoral.
– A presença da Beatriz como vice me orgulha muito, porque ela representa grande parte da luta que SC precisa fazer para dar um salto de qualidade por igualdade e valores. Se tem algo que podemos considerar assertivo foi a presença dessa mulher jovem, preta, mãe, que conviveu com o preconceito – disse Décio.
Bia Vargas disse à coluna que lamenta o episódio.
– Só prova a falta de informação que a maioria da população tem sobre isso. É momento de pegar firme e entender que ações concretas precisam ser feitas para que a gente não volte a vivenciar situações como essas, que são cotidianas. Enquanto candidata, acho fundamental colocarmos em vigor a Lei 10639, que pede a inclusão no currículo das escolas da história e da cultura afro-brasileira. A partir da informação vamos conseguir desconstruir pensamentos como esses.