Carecem de sutileza os movimentos da governadora em exercício, Daniela Reinehr, na busca por promover o status de seu período de governo, de interino para permanente. A troca de peças chave na administração do Estado, que segue ativa a poucos dias do julgamento final do impeachment de Carlos Moisés, é a consequência mais aparente dessa deliberada disputa por poder – com direito a demissões sem ‘aviso prévio’, descobertas pelo diário oficial.

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As movimentações de Daniela levam a digital de Gelson Merísio. Acenam para partidos e setores específicos da economia, enquanto desmontam o que restou do governo Moisés e eliminam as peças mais fiéis ao governador afastado. É o caso da recente troca de Luciano Buligon por Ricardo Gouvêa, na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico – o ‘filé’ entre as pastas com potencial para gerar notícias positivas.

Nos bastidores, Daniela tem trabalhado em busca de votos que apeiem Moisés em definitivo do cargo. Na última semana, na viagem que fez a Brasília, a governadora interina abordou lideranças partidárias nacionais em busca de apoio. O objetivo é pressionar os deputados que integram o Tribunal de Julgamento, e que votaram contra o afastamento de Moisés em março, a mudar de lado.

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A rigor, o governador chegará em vantagem ao julgamento. Tem a seu favor o arquivamento das investigações contra ele pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o parecer da subprocuradora-Geral da República, Lindôra Araújo, que afastou a hipótese de omissão dolosa na compra dos respiradores, e o resultado da primeira fase do Tribunal – para impichá-lo, são necessários sete votos. Um a mais do que os votos que o afastaram em março.

A política, no entanto, tem sido especialmente caprichosa e surpreendente por aqui. Isso faz com que antever qualquer resultado seja arriscado. Mas, diante de dois ex-aliados que disputam a cadeira de governador sob a direção de grupos políticos antagônicos, já é possível dizer que, independentemente do final, quem mais perdeu com essa história foi Santa Catarina.

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CURTAS

– Para além da disputa entre Daniela e Moisés, o impeachment é batalha de titãs entre Merísio ou Julio Garcia. E ajudará a desenhar as eleições de 2022.

– Se Moisés voltar, deve fazer também sua rodada de substituições no governo, retirando (de novo) os nomes trazidos por Daniela. Muita gente tende a ser ‘interditada’ por ter colaborado com ‘o outro lado’. Inclusive a secretária de Saúde, Carmen Zanotto.

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