A despeito das evidências que apontam o quão grave é o atual momento da pandemia em Santa Catarina, que sofre com o colapso no sistema de saúde, tem gente que ainda insiste em dispensar o item mais básico de proteção coletiva e individual: a máscara.
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> Seis em cada dez casos de Covid-19 em SC são de novas variantes
Peço licença para uma observação bem pessoal. No bairro onde moro, pelo menos 80% das pessoas que saíram de casa para correr ou caminhar ao sol, na manhã deste sábado, não usavam o acessório obrigatório. E olha que este não é um fim de semana ‘normal’: estamos sob um decreto restritivo, que obrigou o comércio a fechar as portas e bloqueou o acesso às praias.
Entre os ‘desmascarados’ há gente de todas as idades. E não se iluda, caro leitor, pensando que falamos apenas dos negacionistas, aqueles que não acreditam no vírus, ou daqueles que o fazem por posicionamento político fora de hora. Tem também gente que se cuida de segunda a sexta e publica até textão nas redes sociais. Mas não suporta o incômodo de usar máscara ao ar livre, num dia de sol.
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O problema é que o cenário é preocupante em Santa Catarina. O Estado ultrapassou na sexta-feira (5), pela primeira vez, mais de 100 óbitos por Covid-19 confirmados em 24 horas. Pela segunda semana seguida, todas as regiões estão em nível gravíssimo de risco. Hospitais públicos e privados estão cheios – e a fila de espera por um leito de UTI tem quase 300 pacientes.
A situação é ainda mais séria se levarmos em conta a prevalência de novas variantes, que, de acordo com a Fiocruz, aparecem em seis a cada dez pessoas que testaram positivo para Covid-19. São mutações que tornaram o vírus mais transmissível porque aumentam a carga viral – e isso vale também para os assintomáticos. Os cientistas também apontam que as variantes podem estar por trás de casos mais graves entre pessoas mais jovens, que vão parar nas UTIs.
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Usar a máscara tornou-se ainda mais importante. Há países que já recomendam o uso de duas, uma sobre a outra, para reduzir o risco de contaminação pelas mutações. Outros adotaram modelos específicos, certificados, para conter com mais eficácia o vírus. Apesar disso, tem gente que ainda não entendeu.
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A esta altura, já ficou evidente que conter a transmissão do novo coronavíus pressupõe diferentes níveis de responsabilidade. Há a dos governos, a quem cabe a tomada de decisões. Há a dos cientistas, que acompanham de perto a evolução do vírus e suas consequências. E há a responsabilidade de cada um.
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Usar a máscara é uma medida simples, que demanda um pouco de autocuidado e uma pequena dose de empatia. Pode ser desconfortável, mas os médicos garantem que incomoda bem menos do que os aparelhos de ventilação. O que custa colocar?
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